O início de um ciclo longo, de quatro anos e meio até a próxima Copa do Mundo, dá a Tite licença para quebrar algumas de suas próprias doutrinas adotadas nos primeiros dois anos à frente da seleção brasileira.
Se antes ele procurava ser absolutamente rigoroso com critérios de convocação, agora se permite chamar jogadores para posições diferentes das que têm em seus clubes, e até atletas que mal têm sido utilizados.
Fabinho, por exemplo, há anos é volante. Seu bom desempenho no meio-campo do Monaco chamou atenção do Liverpool. Lá, Jürgen Klopp, um “amigão à distância” de Tite, o mantém centralizado. Mas o comandante brasileiro o convocou para a lateral direita.
– O Tite me telefonou antes da primeira convocação (em agosto) e perguntou se poderia contar comigo na lateral direita, se eu achava que isso poderia me prejudicar no meu clube. Eu disse que não, que para mim seria ótimo, é sempre bom estar na Seleção. E toda minha base no Fluminense foi na lateral – relatou Fabinho.
Outro exemplo é Malcom. Ele faz parte de uma extensa lista de jovens ponteiros, atacantes de lado de campo. Contratado pelo Barcelona num chapéu na Roma, que havia acertado tudo com o brasileiro depois de boa temporada no Bordeaux, Malcom nem sequer tem sido relacionado para os jogos da Champions League.
Mesmo ainda longe de ser protagonista na equipe de Ernesto Valverde, o atacante conseguiu sua primeira chance na Seleção nesses amistosos contra Arábia Saudita e Argentina.
Poder ser mais flexível é um alívio para Tite e sua comissão. Eles acham que agora têm margem de erro maior. Antes, viam-se pressionados pela proximidade da Copa do Mundo e a exigência de construir e consolidar rapidamente um time e um modelo de jogo.
No dia 26 de outubro, Tite deverá anunciar a convocação para os amistosos de novembro, contra o Uruguai (dia 16, em Londres) e outro adversário ainda indefinido (dia 20). Ainda haverá novidades como essas. Provavelmente serão as últimas. Em 2019, Tite se voltará à estabelecer um grupo para a Copa América, marcada para junho.
O ciclo é de quatro anos e meio, mas vencer no ano que vem é fundamental, principalmente depois da eliminação nas quartas de final do Mundial da Rússia.
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