O torcedor do Flamengo que hoje comemora uma fartura de títulos e sonha com o Mundial sabe o que sofreu até chegar a esse momento. Após décadas de irresponsabilidade financeira, cofres vazios, o clube começou a arrumar a casa a partir da gestão de Eduardo Bandeira, em 2013, e hoje colhe os frutos. Foram aproximadamente R$ 214 milhões investidos para reforçar a equipe, incluindo aquisição de direitos econômicos, luvas e intermediários. Valor recorde na história do clube.
Seria leviano, no entanto, apontar apenas o salto financeiro como segredo do sucesso do Flamengo em 2019. De fato, ter poder de investimento foi o primeiro e fundamental passo para formar um time campeão. Seria impossível unir tanta qualidade em campo sem dinheiro. Mas a política de contratações e os tiros certeiro foram essenciais.
Impulsionada pela venda de Lucas Paquetá, a gestão de Landim recebeu de Eduardo Bandeira o Flamengo com os cofres cheios e teve o mérito de praticamente gabaritar no mercado. Com uns dos maiores orçamentos para contratações da história do futebol brasileiro, oito dos nove reforços são titulares absolutos e renderam acima da expectativa. Apenas o jovem João Lucas, contratado como aposta após bom Carioca pelo Bangu, ainda busca espaço. A equipe titular foi quase toda reformulada.
INVESTIMENTO DE R$ 214 MILHÕES NO FUTEBOL
JOGADOR | CLUBE(S) | LUVAS | INTERMEDIÁRIOS | PERCENTUAL | TOTAL |
Bruno Henrique | Santos (R$ 23 mi) | R$ 900 mil | R$ 2.887 mi | 100% | R$ 26.787 mi |
Arrascaeta | Cruzeiro (R$ 55.341 mi) e Defensor (R$ 25.013 mi) | – | – | 75% | R$ 80.354 mi |
Rodrigo Caio | São Paulo (R$ 21.200 mi) | – | R$ 3.359 mi | 45% * | R$ 24.559 mi |
Gabigol | – | R$ 3 milhões | R$ 1.057 mi | Empréstimo | R$ 4.057 mi |
Gerson | Roma (R$ 51.347 mi) | R$ 5.882 mi | 100% | R$ 57.229 mi | |
Pablo Marí | Manchester City (R$ 5.312 mi) | R$ 576 mil | R$ 2.037 mi | 100% | R$ 7.925 mi |
Rafinha | R$ 2.400 mi | R$ 1.480 | 100% | R$ 3.480 mi | |
Filipe Luís | R$ 6.384 mi | R$ 2.450 | 100% | R$ 8.834 mi | |
Diego | Renovação com o Flamengo | Renovação com o Flamengo | 100% | R$ 849 mil | |
Comitê de futebol
Nomes fortes da gestão, como o vice de futebol Marcos Braz e o vice de relações externas, Luis Eduardo Baptista (BAP), se uniram a jovens dirigentes da política rubro-negra para decidirem os rumos do futebol. E apesar das divergências, expostas na queda de braço pela permanência ou demissão de Abel Braga, o grupo se mostrou eficiente e certeiro, com praticamente 100% de aprovação nas contratações. O comitê termina o ano fortalecido.
- Marcos Braz
- BAP
- Dekko Roisman
- Diogo Lemos
- Fábio Palmer
O grupo sugere e aprova nomes, mas não está na linha de frente nas negociações. Os homens de mercado são o vice de futebol Marcos Braz (membro do comitê) e o diretor-executivo Bruno Spindel – assumiu o posto de Carlos Noval na metade do ano, mas participou desde o início de todas as negociações. A dupla se mostrou entrosada e convincente no mercado. Não foram poucos jogadores contratados que citaram o poder de persuasão dos dirigentes do Flamengo. Campeão da Copa do Brasil em 2013, Paulo Pelaipe foi contratado para gerenciar o futebol e é muito próximo dos dois, especialmente de Marcos Braz, que o considera seu braço direito dentro do departamento de futebol.
Com comitê e estrutura do futebol formados, não foram poucos nomes na mesa. O cardápio estava recheado. Abel Braga pediu Bruno Henrique, Dedé e Felipe Melo. Apenas o primeiro foi contratado. Luan, do Grêmio, também esteve em pauta. Cada dirigente tinha uma preferência. Rodrigo Caio e Arrascaeta foram contratos. O uruguaio foi a negociação mais cara da história do Flamengo. Gabigol foi um desejo particular de Marcos Braz, embora não fosse unanimidade dentro do clube.
Entre luvas, comissões e aquisições de direitos econômicos, foram gastos quase R$ 140 milhões no primeiro semestre. Tudo de forma parcelada e dentro do orçamento. Além de fortalecer o time, a janela caseira enfraqueceu os adversários nacionais.
Discussion about this post