Os 13 vice-presidentes que deixaram o cargo desde a última sexta-feira conversaram com a imprensa na tarde desta segunda-feira. Ligados ao grupo Identidade Vasco, que tem como líder o presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, os dirigentes se queixaram de Alexandre Campello. Agora ex-aliados, a ruptura causou mais uma crise política no Cruz-Maltino.
Falta de transparência, problemas no balanço financeiro e a transferência de Paulinho foram alguns dos destaques. A ida do garoto ao Bayer Leverkusen gerou algumas controvérsias dentro do clube, principalmente para Fred Lopes, ex-vice de futebol. Segundo ele, a pasta com arquivos sobre o atacante desapareceu do clube e houve uma mudança repentina na porcentagem dos direitos do Vasco em cima do jogador.
– Na coletiva (de anúncio da venda), fiquei sabendo que seria 18 milhões de euros, e que o Vasco tinha 90% do Paulinho. Estranhamente, a pasta sobre o Paulinho sumiu dos arquivos do Vasco (…). Por que a venda do Paulinho foi uma caixa-preta? Não se trata uma venda dessa em duas ligações. Na primeira, disse que seria 20 milhões de euros e 15% para o Vasco. Depois, 20 milhões e 10%. Fui surpreendido pela coletiva, e foi exposto um número diferente. O que era 70% virou 90%.
Ainda sobre a negociação do atacante, Fred Lopes também contou que a própria coletiva sobre a negociação foi uma surpresa para os membros do departamento de futebol. Além disso, há também o problema de que o vice-presidente de finanças não ficava sabendo das operações.
– O vice de finanças, Orlando Marques, não sabia de nada. No dia da reunião da Lagoa, entraram R$ 6, 7 milhões nos cofres do Vasco, e a gente nem sabia a origem do dinheiro. Não está atendendo atletas, empresários cobrando atrasados. Demos a cara à tapa. Ninguém sabe a forma de pagamento da venda do Paulinho. Onde está o dinheiro? Por que não foi pago dezembro, 13º, férias, as imagens de alguns atletas?
– (…) O Vasco deve R$ 7 milhões de salários. Não foi utilizado para pagar isso, nem comissionamento, nem imagem. As pessoas sabem da venda do Paulinho e perguntam do pagamento. E eu não tenho resposta para dar.
Segundo Lopes, a negociação de Paulinho foi tratada totalmente pelo presidente, Bayer e o empresário, sem passar pelo departamento de futebol. O que chamou a atenção do então vice da pasta foi que em momento algum Campello disse qual era o clube e variou o percentual dos direitos que ficariam com o Vasco e o valor da transação.
– Todas as negociações foram feitas com o conhecimento do presidente. (…) Venda do Paulinho: não tratei vez alguma com o presidente. Ele me ligou e disse que tinha proposta, mas não quis dizer o clube. Ele disse: Temos uma proposta e estou pensando em vender por 20 milhões de euros e (ficar com) 15% dos direitos. O tempo passou, nenhuma reunião nem com o empresário. Depois, ele me ligou e avisou que ia vender. Perguntei a condição, e ele disse que seria 20 milhões de euros e participação de 10% dos direitos.
Quem também falou sobre a negociação envolvendo o atacante foi Orlando Marques, ex-vice de finanças. Segundo a tomar a palavra no pronunciamento feito, o dirigente contou que não tinha sido comunicado sobre os valores e somente ficou sabendo que “entraria um dinheiro”.
– Até hoje não recebi o contrato do Paulinho. Não sei por quanto foi vendido, a forma de transação. Não sei se entrou dinheiro ou não. Não sei nada. Sobre o Douglas (volante) também não se sabe nada. Ele falava: “Não se preocupe, vai entrar um dinheiro bom aí”. E aparecia: R$ 6 milhões, R$ 9 milhões.
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