Pezão jura que não tentou influenciar a primogênita a lutar, e a própria Anne afirma que a paixão pelo MMA veio naturalmente. Ela praticou jiu-jítsu na infância, mas transitou por outros esportes como vôlei e ginástica olímpica antes de retornar ao tatame e decidir que queria ir além da luta agarrada.
– Ela praticou vários esportes, resolveu retornar ao jiu-jítsu, até o ponto que ela chegou para mim e disse: “Paizinho, eu quero lutar!” Ela tinha 17 anos. Para mim, aquilo foi uma surpresa. Eu disse, “Filha, tem certeza?” Ela disse, “Tenho, paizinho, eu quero lutar.” Ela já estava treinando jiu-jítsu há muito tempo. Um dos treinadores dela me chamou e disse, “Olha, ela tem muito talento. Tem uma menina aí que já tem duas lutas de MMA, a gente bota ela para treinar com a menina” – lógico, sem valer soco – “e ela passa o carro nela, é impressionante” – conta Pezão.
– Desde muito pequena eu sempre convivi com este esporte, então para mim foi bem natural. Eu não tive ninguém me forçando, ninguém plantou essa ideia na minha cabeça. É um esporte que eu sempre amei, então foi uma escolha bem fácil – complementa Anne.
Se não foi o incentivador inicial do sonho – Anne diz inclusive que os pais tinham “um pé atrás” quando souberam de suas intenções – Pezão virou “paitrocinador” depois de falar com os treinadores da filha e ter certeza que ela falava sério. Comprou caneleiras, luvas e ataduras para a jovem, a advertiu que MMA não era jiu-jítsu e que ela teria de se acostumar a levar “porrada no rosto, chute nas pernas, na cabeça, então vamos treinar.”
– Lógico, o coração fica a mil, está chegando próximo. Eu prefiro sair na mão do que ver um filho (fazer isso), mas eu também não posso proibir, né? Porque é um esporte saudável, um esporte que não é violento. É um esporte que tem regras, não é um esporte perigoso. Eu vivi dentro deste esporte minha vida toda, mudei a minha vida e a vida dela através do MMA, então agora é minha hora de dar todo apoio – garante Pezão, que já pode mudar o apelido para “Babão” ou “Coruja” com a forma como fala das qualidades de Anne.
– Coloquei ela para treinar com o Steve Bruno, professor de muay thai da equipe amadora da American Top Team, e ela começou a treinar e treinar… Não faltava um dia! A menina era de segunda a sábado na academia, fiquei impressionado. No primeiro treino dela, eu tenho até imagens, pensei, “Nossa, essa menina parece até que já treinou!” Chutando, jogando o quadril certinho, quando dava o jab e direto, o quadril movimentando, tudo perfeitinho. Impressionante, mas acho que é de tanto ela acompanhar.
Anne também não esconde a admiração pelo pai. A jovem lutadora quer mostrar o mesmo coração exibido por Pezão em sua carreira, que incluiu uma disputa de cinturão no UFC e vitórias sobre nomes como Fedor Emelianenko e Alistair Overeem.
– A maior coisa que eu aprendi com meu pai, assistindo às lutas dele e a carreira dele, foi nunca desistir. Eu vi ele passar por altos e baixos e nada fez ele desistir do sonho, nada fez ele desistir da carreira. Para mim, essa mensagem é muito importante, é uma coisa que eu vou levar para a vida toda, graças a ele.
A estreia amadora de Anne Ribeiro será contra a americana Hannah “Hannibal” Jackson, que tem uma vitória e duas derrotas no cartel amador. O confronto será realizado num peso-casado de 130 libras (58,9kg), e a brasileira radicada nos EUA pretende seguir carreira no peso-mosca (até 56,7kg) posteriormente. Por ora, Anne não tem apelido de luta; alguns podem chamá-la de “Pézinho” por causa do pai, mas ela pretende marcar seu nome na história do esporte.
– Meu sonho no MMA, é claro, é chegar no UFC e ganhar o título. Ser reconhecida como uma das melhores. Quero deixar um legado bem legal para meus filhos, netos, bisnetos. Eu quero o reconhecimento mesmo de ser uma das melhores lutadoras de todos os tempos. Esse é o maior sonho que eu tenho – declarou Anne Ribeiro.
Fonte: G1
Discussion about this post