Daqui a alguns anos, quando se lembrar de sua quarta participação frustrada em Copas do Mundo, Lionel Messi provavelmente se recordará do rosto – e da velocidade – de Kylian Mbappé. O jovem do PSG (FRA) deu um show no jogaço que classificou a França às quartas de final: um pênalti sofrido e dois gols na vitória por 4 a 3 sobre a Argentina, em Kazan.
Messi bem que tentou: chutou a bola que desviou em Mercado no segundo gol dos hermanos – que faziam 2 a 1 naquele momento – e fez o cruzamento para Aguero balançar as redes de forma inútil já nos acréscimos.
MBAPPÉ A MIL POR HORA
“A França vai tentar forçar erros da Argentina para contra-golpear, aproveitar a velocidade”. A frase é de Jorge Sampaoli, técnico argentino, aproximadamente 24 horas antes do jogo. Ele sabia como a França se comportaria, mas nenhum de seus jogadores soube como parar a incrível arrancada de Mbappé aos 11 minutos do primeiro tempo. Rojo, herói contra a Nigéria, só conseguiu contê-lo fazendo o pênalti que Griezmann, que já havia acertado o travessão em cobrança de falta, converteu.
O jogo corria ao gosto dos franceses. O time de Didier Deschamps dava a bola aos argentinos, esperava que eles devolvessem – o que acontecia quase sempre – e saía em disparada para aproveitar os espaços. Em uma dessas jogadas, Mbappé voltou a deixar os zagueiros comendo poeira e só não conseguiu outro pênalti porque Tagliafico fez a falta a centímetros da área. Pogba bateu mal.
O esquema sem centroavante armado por Sampaoli era um desastre. Di María e Pavón não tinham para quem cruzar quando chegavam ao fundo, já que Enzo Pérez e Banega não conseguiam preencher os espaços deixados pela movimentação de Messi entre os zagueiros. A França só corria dois riscos ao deixar a bola com o adversário: a individualidade e a sorte.
A INDIVIDUALIDADE
Só a individualidade de algum dos argentinos seria capaz de incomodar a França. E ela apareceu aos 40 minutos do primeiro tempo: Di María aproveitou um raro vacilo de Kanté na marcação, disparou um lindo chute de esquerda e acordou a coruja que dormia no ângulo de Lloria: 1 a 1.
A SORTE
O golaço parece ter despertado Di María, que vinha fazendo uma Copa do Mundo bastante tímida. Ele já começou o segundo tempo entortando a defesa francesa e sofrendo a falta que originou o gol da virada. A bola de Banega encontrou Messi, que girou, bateu de esquerda e contou com um desvio “sem querer querendo” de Gabriel Mercado para enganar o goleiro francês.
AVALANCHE FRANCESA
A França se viu obrigada a mudar sua estratégia. Em vez de oferecer a bola à Argentina, se apoderou dela. E precisou de só dez minutos para passar por cima dos sul-americanos.
Pavart empatou aos 12 minutos com aquele que talvez seja o gol mais bonito da competição, em um incrível chute de pé direito. Aos 22, Mbappé já havia feito mais dois. O primeiro com a calma de um bom centroavante em meio a uma confusão na área e o segundo concluindo uma linda jogada coletiva que começou nos pés do goleiro Lloris. A França decidiu que a Argentina não veria mais a bola. E assim foi.
Aguero, uma das cartadas de Sampaoli em busca de um milagre, ainda conseguiu marcar um gol de cabeça a dois minutos do fim dos acréscimos, mas os argentinos gastaram boa parte do pouquíssimo tempo que lhes restava envolvidos em uma confusão armada por Otamendi.
FICHA TÉCNICA
FRANÇA 4X3 ARGENTINA
Local: Arena Kazan, em Kazan (RUS)
Árbitro: Alireza Faghani (IRN)
Auxiliares: Reza Sokhandan (IRN) e Mohammad Mansouri (IRN)
Público: 43.873 presentes
Cartões amarelos: Rojo (11’/1ºT), Tagliafico (18’/1ºT), Mascherano (42’/1ºT), Banega (4’/2ºT), Otamendi (48’/2ºT) (ARG), Matuidi (26’/2ºT), Pavard (27’/2ºT), Giroud (48’/2ºT) (FRA)
Cartões vermelhos: –
Gols: Griezmann (12’/1ºT) (1-0), Di María (40’/1ºT) (1-1), Mercado (3’/2ºT) (1-2), Pavard (11’/2ºT) (2-2), Mbappé (18’/2ºT) (3-2), Agüero (47’/2ºT) (4-3)
FRANÇA: Lloris, Pavard, Varane, Umtiti, L.Hernández; Kanté, Pogba; Mbappé (Thauvin – 42’/2ºT), Griezmann (Fekir – 37’/2ºT), Matuidi (Tolisso – 29’/2ºT); Giroud. Técnico: Didier Deschamps.
ARGENTINA: Armani, Mercado, Otamendi, Rojo (Fazio – intervalo), Tagliafico; Enzo Pérez (Agüero – 20’/2ºT), Mascherano, Banega; Pavón (Meza – 29’/2ºT), Messi, Di María. Técnico: Jorge Sampaoli.
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