Imagens e sons que teimam em permanecer na memória de quem tem mais do que se orgulhar da madrugada de sexta-feira no Ninho do Urubu.
Não é exagero tratar Benedito Ferreira como herói. Um herói que precisa de ajuda. O Flamengo tem dado suporte psicológico ao segurança determinante para salvação dos três sobreviventes do trágico incêndio no Centro de Treinamento. A lembrança das dez vidas que se foram ainda machucam muito.
O clube orientou que nenhum funcionário fale publicamente a respeito do ocorrido – até o momento, houve apenas pronunciamentos do presidente, Rodolfo Landim, e do CEO, Reinaldo Belloti.
O segurança chegou a ser retirado da comunidade onde vive e alojado por um tempo em um hotel na Barra da Tijuca para receber acompanhamento psicológico. Por mais que o ato de heroísmo seja reconhecido, o funcionário reluta em aceitar a morte de garotos tão jovens. Relatos apontam que um deles chegou a escorregar por seus braços e, aos berros, pedia: “Não quero morrer!”.
Ferreira era o segurança de plantonista e chegou com o alojamento já em chamas. Enquanto preocupava-se em evitar que parte dos 13 que saíram ilesos tentasse voltar ao espaço – como relatou o atacante Felipe Chrysman -, ele agiu rápido e quebrou a janela de um dos quartos permitindo outra rota de fuga. Pegou ainda o extintor de incêndio, que a esta altura tinha utilidade nula.
Por esta janela, Ferreira retirou Cauan, Francisco Dyogo e Jhonata, que segue internado. Um quarto garoto chegou a começar a ser resgatado, mas as labaredas impediram que a remoção fosse completa. Pouco depois, os bombeiros chegaram para controlar o fogo, já com a dezena de vítimas sem vida.
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