O técnico Dorival Júnior segue no comando do São Paulo. Mesmo com a pressão vinda das arquibancadas por conta dos três jogos seguidos sem vitória no Paulistão, o comandante do Tricolor tem o respaldo da diretoria para continuar seu trabalho no clube do Morumbi. Mesmo assim, o clima não é dos mais favoráveis e o treinador continua sob ameaça no cargo.
– Sou o treinador do São Paulo, sou o responsável pelos resultados e pelo momento que está acontecendo. Estamos trabalhando para reverter. Vocês estão vendo uma equipe que cria e penetra na defesa adversária. Tem trabalho em tudo isso. Estamos procurando, em algum momento acredito que as coisas aconteçam – disse o treinador logo após o empate sem gols com a Ferroviária.
Na próxima quarta-feira, o São Paulo enfrenta o CRB-AL, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Diante de uma equipe que disputa a Série B do Brasileirão, a expectativa da torcida é de que o clube consiga retrilhar o caminho das vitórias e espante a crise que assola o Morumbi.
Até aqui, Dorival Júnior tem 37 jogos no comando do São Paulo, somando 15 vitórias, 11 empates e 11 derrotas. Ao todo, o aproveitamento é de 50,45% dos pontos disputados.
Como avalia seu trabalho no São Paulo?
– Temos muito para produzirmos e tirarmos. Acho que isso não bate muito bem. O limite para um treinador no Brasil, infelizmente, são só três meses. Você não tem como avaliar o trabalho em menos de um ano. Os treinadores brasileiros não chegam neste momento. Parece que é prazeroso você ver uma mudança de treinador no Brasil. Eu sinto por isso porque acho que é uma classe que é muito combatida para tudo aquilo que estamos acompanhando no futebol. Vejo muitas pessoas falando em sequência e acho isso interessante. Parece ser prazeroso discutir a permanência, ou não, do treinador. Estamos em um novo ano, iniciando praticamente uma sequência e não tenho dúvidas de que vou atingir meus objetivos no clube. Tenho capacidade para fazer esse time chegar mais longe, mas preciso de tempo de treinamento. Nós só estamos recuperando a equipe e não treinando a equipe, mas sigo acreditando que o caminho do São Paulo será muito bom.
Tem alguém dentro do clube desconfiando do seu trabalho?
– Falei que no pior momento do São Paulo nos últimos anos confiaram no meu trabalho. Não acho que foi ruim. Nós apresentamos alguma coisa que fez com que permanecêssemos no clube. Se deixarem o São Paulo chegar, pode ter certeza que o jogo será outro.
Por que não tirou os volantes Petros e Hudson da partida?
-Estávamos com o meio campo encaixado e infiltrando. Tanto o Petros como o Hudson faziam papel excelente, não tinha motivo para mudar ali. Precisava de um pouco mais de lado de campo, o Nenê estava mais fresco para fazer isso aí. O Valdívia fez boas jogadas e era hora de fazer um alteração. Nós continuamos criando. Tivemos n escanteios e saímos quatro vezes na cara do goleiro. Mais um jogo que o São Paulo criou, mas não teve sucesso no momento final.
Houve alguma conversa com a diretoria após o empate com a Ferroviária?
– Não teve nada. Os jogadores estão jantando dentro do vestiário, nada além disso. Já é um processo de recuperação dos atletas e não sei porque não saíram. Não teve reunião nenhuma.
Como você avalia as vaias que tem recebido da torcida?
– Acho muito relativo. Vejo em uma alteração ou outra, foram duas, na saída do Valdívia e a saída do Cueva em um dia anterior, apenas isso. Tem momentos que a coisa não acontece certo, mas isso é normal para o treinador. Acho que essa cultura do futebol fomenta todos aqueles que estão no futebol. Volto a dizer: é prazeroso para todo mundo falar sobre saída de jogador. Quer ser da imprensa, dos jogadores…Tem 25 anos que estamos na mesma toada. Ora é com o São Paulo, ora com o Palmeiras, ora com o Corinthians, ora com o Flamengo. É um ciclo. Será que estamos fazendo certo? Cobrem nos momentos de decisão de campeonato.
Sobre a análise dos resultados
-Ainda que não tenhamos feito jogos brilhantes, as pessoas que enxergam futebol veem coisas boas sendo trabalhadas. Essa má vontade é uma situação natural. Não vejo uma situação assustadora. O número de pontos é baixíssimo e sou o principal responsável. É natural que as situações passem desapercebidas. Aquilo que falei sobre a equipe do São Paulo e, de modo geral, ainda não é o ideal. A equipe cria e produz. Ela tem paciência para poder jogar e dá poucas oportunidades para as equipes adversárias. É um país que se acostumou com tudo isso e fomenta essa situação a todo momento. Não acredito que tão cedo acontecerão mudanças nesse perfil que vimos a tantos e tantos anos.
Sobre o pouco tempo para treinar
– O calendário penaliza qualquer profissional que depende do dia a dia para acertar a equipe. Infelizmente, penaliza consideravelmente quem precisa destes acertos para fazer o seu trabalho. Futebol tem um espaço pequeno entre céu e inferno. Há uma semana, estava tudo bem. Perdemos para o Santos e desestabilizou a semana do São Paulo.
Sobre a cultura do futebol brasileiro em demitir treinadores
– Em cima da cultura de futebol brasileiro, eu já teria saído. Uma ou duas derrotas são suficientes para queimar qualquer profissional. Confio na diretoria em tudo o que vem sendo falado. Acredito que desde o momento que cheguei no São Paulo, as coisas estão acontecendo. Temos um time confiável. Os resultados não mostram o nosso perfil. Somos uma das poucas equipes que fizemos dois jogos a mais por conta da Copa do Brasil. Pra mim, seria fundamental essa semana de treinos. Passamos nas duas fases na Copa do Brasil e estamos na zona de classificação do Paulista. A sequência de jogos está sendo complicada e é natural que precisemos de trabalho. Confiaram no nosso trabalho no momento mais difícil e não tenho dúvidas de que teremos um time competitivo.
Lancenet
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