SOCHI- Assim como ocorreu seis anos atrás, o futuro do técnico na seleção brasileira passa muito por uma vitória sobre o México. Mano Menezes, em agosto de 2012, foi surpreendido com uma derrota na final dos Jogos Olímpicos que determinou sua saída, confirmada em dezembro daquele ano. Contra o mesmo adversário daquela fatídica tarde ensolarada em Londres, Tite poderá garantir ou não a vaga nas quartas de final da Copa do Mundo e, indiretamente, sua continuidade na CBF.
A vontade da entidade é pela renovação do contrato por mais quatro anos, até a Copa do Qatar. Mas o desempenho da equipe na Rússia tem sua parcela de interferência nas conversas em estágio inicial – Gilmar Veloz, representante do técnico, está hospedado no hotel onde familiares e amigos de jogadores e comissão técnica montaram acampamento em Sochi.
Um confronto contra os mexicanos, sempre considerados azarões contra o Brasil, aumenta a cobrança por resultados, atribui ao jogo um favoritismo que a seleção não teria se estivesse enfrentando a Alemanha. É aí que mora o perigo para Tite. Ser eliminado contra o adversário que terá pela frente em Samara, na segunda-feira, poderá estigmatizar todo um trabalho realizado desde junho de 2016.
Foi em boa parte o que aconteceu com Mano Menezes. Quatro jogadores da atual seleção viram como o técnico foi fritado pela perda do então inédito ouro olímpico – Thiago Silva, Danilo, Marcelo e Neymar faziam parte daquela seleção. O desempenho da equipe principal vinha melhorando, a equipe começava a ganhar corpo no segundo ano de trabalho do treinador, mas a decepção diante do México selou seu destino. Não é à toa que o discurso de Thiago Silva é de respeito ao adversário.
– É sempre muito difícil enfrentar o México. É uma equipe muito motivada, que corre muito e se dedica ao máximo. Eles tiveram um grande resultado contra a Alemanha. Nesse jogo, especificamente, o México mereceu vencer por um placar mais elástico, até. Precisamos tomar cuidado, errar o menos possível e aproveitar as chances – frisou o zagueiro.
Do outro lado, há seis remanescentes do ouro olímpico mexicano, a segunda maior conquista do futebol do país. Corona, Herrera, Fabián, Peralta, Giovani dos Santos e Aquino reforçam o sentimento de que eles não precisam temer os pentacampeões do mundo. Coincidência ou não, o maior título do futebol mexicano também foi contra a seleção brasileira – a Copa das Confederações de 1999, disputada em casa.
Da equipe que ficou lugar mais alto do pódio em 2012, somente Hector Herrera, volante do Porto, de Portugal, é titular na Rússia. Ele era também em 2014, quando México e Brasil ficaram empatados em 0 a 0. Este foi o último dos 17 jogos que as seleções já protagonizaram em competições da Fifa – vale lembrar que os Jogos Olímpicos não entram nessa contagem. A seleção brasileira tem a vantagem no retrospecto, mas sem ter folga – são nove vitórias, um empate e sete derrotas.
O Globo
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