A carreira de Rodrigo, com inúmeros títulos e prêmios individuais de expressão por grandes clubes brasileiros, teve como último ato a expulsão contra o Vitória, quando levou cartão vermelho direto por “introduzir o dedo médio nas nádegas de Tréllez”, no jogo que marcou o rebaixamento da Ponte Preta para a Série B.
Sem jogar desde aquele 26 de novembro de 2017, ele agora é um ex-zagueiro e futuro homem de negócios no futebol. A aposentadoria foi anunciada em entrevista ao GloboEsporte.com.
– Eu já estava me programando para isso. Estou oficializando a aposentadoria mesmo. Fiquei um pouco afastado do futebol, colocando a minha vida em ordem. Quando você joga, não tem tempo para nada. Aproveitei para curtir um pouco a família. Os três últimos anos da minha carreira foram muito desgastantes, desde o Vasco até a Ponte – disse Rodrigo, aos 38 anos.
“Dedada” em Tréllez foi o último ato da carreira de Rodrigo — Foto: Globo Esporte
Ele deixa os gramados depois de defender Ponte Preta, onde começou e encerrou sua caminhada, São Paulo (duas vezes), Dínamo de Kiev, Flamengo, Grêmio, Internacional, Vitória, Goiás e Vasco da Gama, com quem mais se identificou nos 20 anos de futebol. Foi campeão brasileiro pelo São Paulo em 2008, além de ter empilhado sete títulos estaduais nos clubes pelos quais passou e ter disputado a Liga dos Campeões da Europa.
As conquistas são proporcionais às polêmicas que Rodrigo se envolveu durante os 18 anos de carreira. Provocações a adversários (Fred e Guerrero que o digam), desafetos (não é, Milton Mendes?) e atitudes impulsivas, como a dedada em Tréllez, criaram um personagem que colecionou problemas. Ao fazer um balanço da sua trajetória, Rodrigo diz que “não mudaria nada” e considera que escreveu uma história de muito mais prós do que contras.
“Fiz tudo o que tinha de ser feito. Se briguei por alguém, é porque estava defendendo a camisa que tinha me contratado. Tenho muito carinho por todos clubes que passei. De todos estaduais que disputou, único que não ganhei foi em Salvador. Sou um cara realizado. Não mudaria nada do que fiz. É difícil falar de acertos e erros, ainda mais para jogador de futebol, que vai do céu ao inferno mesmo sem ter culpa às vezes. Aprendi muito no futebol também”
Ter como imagem final da carreira a expulsão infantil contra o Vitória já não incomoda Rodrigo como antes (relembre no vídeo abaixo). Para o ex-jogador, a situação, ainda que tenha sido motivo de vergonha lá atrás, está superada. Por mais que a “dedada” tenha marcado Rodrigo negativamente, ele prefere ficar com as lembranças positivas.
– Eu estava bem triste com o que aconteceu, por causa do rebaixamento também, mas já superei isso. Eu vivo em Campinas, encontro bastante torcedores, eles me tratam bem. Nunca recebi ofensas na rua. Muito pelo contrário. Eles chegam para conversar. Mas no Brasil, o que você faz hoje já é julgado, ainda mais no futebol. O que fiz durante a minha carreira toda não é para qualquer um. Fico muito feliz com o que eu fiz no futebol.
Segundo ele, a ideia de parar vinha sendo amadurecida desde que saiu do Vasco, em maio de 2017. Mas o convite da Ponte, que ofereceu um contrato até dezembro de 2019 para pagar uma antiga dívida em forma de salário, adiou a decisão. Ainda assim, Rodrigo deixou em aberto para a diretoria a possibilidade de pendurar as chuteiras na virada do ano.
O episódio com Tréllez forçou a rescisão “unilateral” entre as partes. Como não houve acordo, Rodrigo entrou na Justiça contra a Ponte e aguarda a sentença do processo no qual cobra aquilo que tinha direito de receber pelo vínculo firmado.
Quando conversou com a reportagem em fevereiro, Rodrigo ainda cogitava atuar “até os 40 anos”. Ele diz que recebeu consultas de diversos times, porém, preferiu ficar em casa. Com o passar do tempo, chegou à conclusão que o melhor era mesmo se aposentar.
Rodrigo criou forte identificação com o Vasco, onde ficou de 2014 a 2017 — Foto: André Durão / GloboEsporte.com
– Já vinha com essa ideia em mente. Eu absorvi bem. Quase encerrei a carreira antes por um problema de saúde [ficou um ano parado tratando de uma embolia pulmonar quando defendia o Inter, em 2011]. Agora estou conseguindo lidar melhor. Tive alguns convites no começo do ano, do lado do Nordeste, de Curitiba também. Vieram falar, mas escolhi ficar na minha.
Sobre o futuro, Rodrigo continuará ligado ao futebol, mas atuará em campos diferentes. O próximo desafio ainda não está totalmente definido. Até por isso, não pode ser detalhado. Enquanto os planos não saem do papel, Rodrigo aproveitará para colocar os estudos em dia.
– A única coisa que posso falar é que vou fazer alguma coisa no futebol. Vou continuar nesse meio. Quem jogou bola durante quase 20 anos… Conheço muito bem, eu gosto, tenho relacionamento bacana com os jogadores, tanto os meninos, como os mais velhos. Agora vou estudar, fazer algum curso. Quero continuar os estudos que parei durante a carreira, aprender outra língua.
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