Morreu neste sábado (18), aos 80 anos, Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e Prêmio Nobel da Paz.
Annan, de nacionalidade ganense, morreu durante esta madrugada em um hospital em Berna, na Suíça, informou a fundação Kofi Annan nas redes sociais. A causa da morte ainda não foi divulgada.
“De muitas maneiras, Kofi Annan era as Nações Unidas. Ele subiu nas hierarquias para liderar a organização no novo milênio com inigualável dignidade e determinação ”, disse.
Trajetória
Economista, educado nos Estados Unidos e na Suíça, no comando da ONU tratou de temas até então considerados periféricos: a pobreza, o drama dos refugiados, o subdesenvolvimento e a aids.
Kofi Annan foi o primeiro negro a assumir o cargo de chefe da ONU, onde ficou por dois mandatos, de 1997 a 2006.
Em 2001, ele e as Nações Unidas receberam em conjunto o Prêmio Nobel da Paz. Annan foi elogiado por ser “preeminente em trazer vida nova para a organização”.
Durante a sua gestão na ONU, o ex-secretário e seu departamento foram criticados por retirarem as tropas de manutenção da paz de Ruanda em pleno caos e violência étnica, em 1995. No ano seguinte, a organização também não conseguiu impedir que as forças sérvias matassem milhares de muçulmanos em Srebrenica, na Bósnia.
Anos depois, Annan reconheceu suas falhas. “Na época, acreditei que estava dando o melhor de mim. Mas eu percebi depois do genocídio que havia mais que eu poderia, e deveria ter feito, para soar o alarme e apoio. Essa memória junto com a da Bósnia, é dolorosa, influenciou muito do meu pensamento, e muito das minhas ações, como secretário-geral”, disse em 2004.
Em sua entrevista de despedida das Nações Unidas, ele contou que a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003 foi um de seus piores momentos no cargo.
“O pior momento foi a guerra do Iraque que, como organização, não pudemos deter embora tenhamos feito tudo para isto”, disse.
Legado pós ONU
No ano de 2007, ele criou a Fundação Kofi Annan, onde mobilizou a vontade política para superar as ameaças à paz, ao desenvolvimento e aos direitos humanos. No mesmo período, ele se juntou ao grupo de elite de ex-líderes fundados por Nelson Mandela, conhecido como The Elders, o objetivo era resolver a guerra civil na Síria.
Posteriormente, Annan serviu como enviado especial da ONU na Síria, e liderou esforços para encontrar uma solução pacífica para o conflito.
Annan voltou sua atenção para o futuro, estabelecendo os Objetivos do Milênio, um conjunto de metas a serem cumpridas até 2015, de reduzir à metade as taxas de pobreza extrema para deter a disseminação da aids.
Outra fase marcante na luta de Annan pelos diretos humanos foi o acordo do Quênia, em 2008. O país enfrentava uma grave crise política e social e o ex-secretário foi o mediador entre o governo e a oposição.
“Conhecimento é poder. A informação é libertadora. A educação é a premissa do progresso, em todas as sociedades, em todas as famílias”, disse Annan em conferência no Canadá.
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