O papa Francisco criticou a “teoria do gênero” em um livro-entrevista publicado na Itália nesta terça-feira (11).
Essa teoria “quer minar a Humanidade em todos os campos e em todas as variações educacionais possíveis”, afirmou o pontífice. Ele disse que ela é imposta “de cima por certos Estados como o único caminho cultural possível a ser seguido”.
Francisco já havia falado brevemente sobre esse assunto em um trabalho dedicado ao papa polonês João Paulo II (“São João Paulo, o Grande”).
Ele afirma que suas observações não se referem de maneira alguma aos homossexuais, que são bem-vindos à Igreja Católica. “Minha referência é mais ampla e diz respeito a uma raiz cultural perigosa”, aponta ele.
Para o papa argentino, a teoria de gênero “propõe implicitamente a destruição na raiz do projeto de criação de Deus para cada um de nós: a diversidade, a distinção”.
A teoria quer “tornar tudo homogêneo, neutro. É o ataque contra a diferença, contra a criação de Deus, contra o homem e a mulher”.
Defendendo-se de qualquer “discriminação” contra alguém, o papa disse que deseja “simplesmente alertar contra a tentação de cair no que foi o projeto maluco dos habitantes de Babel” que, em um episódio bíblico, quiseram se limitar a um único idioma e a um único povo.
“Essa aparente uniformidade os levou à autodestruição, porque é um projeto ideológico que não leva em conta a realidade, a verdadeira diversidade das pessoas”, acrescenta.
“Não é apagando a diferença que vamos nos aproximar, mas é acolhendo o outro em sua diferença”, insiste o papa.
Outros ataques
Em outubro de 2016, no avião que o levava de volta de uma viagem ao Cáucaso, o papa Francisco havia falado de uma “doutrinação desonesta” dos livros escolares franceses influenciados pela “teoria de gênero”. A fala improvisada e imprecisa do soberano pontífice, com base em uma anedota contada a ele por um pai francês, provocou uma avalanche de críticas na França.
No verão passado, o Vaticano publicou um texto destinado a ajudar os professores nas escolas católicas a combater a “ideologia” de gênero, que “nega a diferença natural entre um homem e uma mulher”, enquanto favorece o diálogo e a abertura.
O texto intitulado “Ele os criou homem e mulher” reafirma o papel da família composta por um pai e uma mãe.
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