Com o lançamento do filme “Dois Papas” o resto do mundo tomou conhecimento que uma polêmica que ronda a vida do Papa Francisco na Argentina. Algo que faz ele estar muito longe de ser uma unanimidade entre seus compatriotas. É que segundo seus acusadores Jorge Mario Bergoglio teria sido “cúmplice” de sequestros e torturas durante a última ditadura argentina (1976 – 1983).
Photo by Franco Origlia/Getty Images.
Entre os acusadores estão jornalistas e integrantes de grupos de defesa dos direitos humanos, como as famosas Mães da Praça de Maio.
De fato, durante a ditadura Bergoglio estava à frente da Ordem Jesuíta e seu nome é associado a pelo menos dois episódios obscuros desse período.
Conforme informações da imprensa local há testemunhos de que em 1976 Bergolio teria “retirado a proteção” da Igreja dos sacerdotes jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics, que faziam trabalho social com comunidades carentes de Buenos Aires. O resultado foi que ambos foram sequestrados e torturados.
Os incidentes inclusive são narrados no livro Iglesia y Dictadura, de Emílio Mignone, publicado em 1986. Outro que trata do assunto é o jornalista investigativo e ex-guerrilheiro argentino Horacio Verbitsky, no livro O Silêncio. Nos dois casos Bergoglio é apontado como responsável por dar uma espécie de sinal verde para a repressão alcançar seus colegas sacerdotes.
Bergoglio chegou a testemunhar em 2010 sobre seu papel nessa época, mas negou todas as acusações e disse que teria se reunido com o ditador Jorge Videla para pedir ajuda para salvar a vida dos dois religiosos.
Outro episódio obscuro sobre o qual o Papa teve que prestar esclarecimentos trata do desaparecimento da menina Ana de la Cuadra nas mãos dos militares. Ele foi chamado a testemunhar quando era arcebispo de Buenos Aires, à pedido da Promotoria do país e da organização Avós da Praça de Maio – formada pelas avós de crianças sequestradas pela ditadura -, mas pediu para dar sua declaração por escrito.
A promotoria apresentou à Justiça cartas enviadas a Bergoglio pelo avô de Ana, nas quais ele pedia ajuda para encontrar a neta e a filha, Elena – que desapareceu quando estava grávida de 5 meses. Com base em provas documentais, Estela, irmã de Elena, acusa Bergoglio de mentir ao dizer que apenas nos últimos 10 anos começou a tomar conhecimento sobre o sequestro de bebês por militares.
Blog do Janildo
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