As cenas lastimáveis testemunadas, ontem, no bairro do Padre Zé, na Capital, em que meliantes atearam fogo num ônibus, inclusive ferindo gravemente o motorista e passageiros, acendem o alerta das autoridades para um problema que há muito vem sendo colocado para debaixo do tapete, o da presença de um verdadeiro Estado Paralelo comandado por facções que disputam territórios e o tráfico de drogas nas mais diversas comunidades de João Pessoa e de outras cidades paraibanas.
O que se viu no dia de ontem não pode e não deve passar incólume perante as autoridades, notadamente das que respondem pela Segurança Pública e Defesa Social. Terrorismo – e não tem outro nome para isso -, deve e precisa ser combatido com firmeza e inteligência. Do contrário, a Paraíba corre o sério risco de repetir o enredo de outros estados que já passaram por situação parecida.
Mas esse é um problema muito maior e que há muito, como consignamos, vem tomando proporções muito maiores e mais assustadoras. Não é de agora que o crime vem assumindo o controle e estabelendo uma nova ordem em comunidades daqui e alhures. Trata-se de um desafio nacional a exigir união de forças em favor da desarticulação desse Poder Paralelo.
Aliás, embora para alguns o surgimento do crime organizado no Brasil tenha sido o cangaço, o poder das organizações criminosas, na atualidade, começou a tomar forma com o Comando Vermelho e com o Primeiro Comando da Capital, o PCC, ambos tendo como a principal atividade o tráfico de drogas. Entretanto, também são relevantes a corrupção generalizada que produz o tráfico de influência, o contrabando, o tráfico de armas de fogo, e os furtos e roubos de automóveis e de cargas.
E é esse fenômeno mundial que começa a mostrar sua ‘cara’ sem qualquer temor ou receio na Paraíba, com atentados como o praticado em João Pessoa, ontem. O que até então só era conhecido dos bairros e comunidades mais abastadas da cidade, em que essas organizações criminosas exercem uma função social nas comunidades em que estão inseridas, com vistas a obter o silêncio destas populações, agora o problema foi apresentado aos demais habitantes da Aldeia de Nossa Senhora das Neves, diria o mestre Rubens Nóbrega.
Diante de um problema que não pode e nem deve ser mais colocado para debaixo do tapete, de uma forma ou de outra, as autoridades do nosso estado precisarão encará-lo de outra forma a partir de agora e o primeiro passo é o reconhecimento de que o crime não está para brincadeira.
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