Declaração de voto
Por Ivandro Oliveira
O nosso povo vai às urnas neste domingo (28) decidir os rumos de um país mergulhado na mais grave crise econômica, política e moral desde a sua história. O momento respeito e responsabilidade, porque o que está em jogo não é uma disputa entre esquerda e direita, nem entre mortadelas e coxinhas, e tampouco o estéril devaneio entre nós e eles, tão desavergonhadamente apregoado por quem sempre dividiu para manter-se no poder.
O resultado das eleições é uma das principais manifestações da soberania popular. Trata-se de um evento único na democracia, cujo resultado legitima os ungidos a tomarem à frente do povo, representando-o a partir do exercício do poder salvaguardado pela escolha popular. E é isso que garantirá ao escolhido a legitimidade para governar plenamente os rumos e destinos da nação.
É tempo de definição, não mais cabendo qualquer espaço para esquivamentos ou omissões. Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Um pouco antes do pastor que morreu defendendo igualdade entre brancos e negros nos Estados Unidos, o dramaturgo Bertolt Brecht acentuou “que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”.
Os dois pensamentos selam a certeza de que o momento do país exige atitude e ação. No primeiro turno, em vão, custei a admitir a infrutífera polarização, contudo fui vencido, juntamente com o meu candidato, pela maioria esmagadora dos demais brasileiros e, como num Fla x Flu, estamos diante de duas opções e apenas uma escolha. Digo assim, porque até o inicio da manhã deste sábado (27) inclinava-me a votar nulo, em virtude de uma suposta e aparente falta de opção, o que, felizmente, não se consumará no dia de amanhã.
Confesso, relutei o quanto pude, mas fui tomado pelo inexcedível e inebriante sentimento de mudança, mesmo sabendo que a escolha de um novo Presidente da República não alterará nada neste um país, caso nós mesmos não saibamos ser protagonistas dessa mudança. A verdade é que o futuro nos aguarda e não podemos cometer os erros do passado, pois “quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Provérbios 29:2).
E para não votar nulo ou branco, passei a analisar as opções e sopesei prós e contras entre o capitão da reserva, Jair Bosonaro, e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
O primeiro, pelo menos até aqui, não tem qualquer envolvimento com os malfadados casos de corrupção que entorpeceram o noticiário nacional, defende os valores da família, combate a ideologia de gênero, é conservador, defende menos intervenção estatal e promete um governo mais técnico que político. Como já escrevi aqui neste espaço, embora alguns achem que a democracia corre risco, penso justamente o contrário, especialmente pelo protagonismo da sociedade e das próprias instituições, demasiadamente empoderadas em tempos de falência dos tradicionais agrupamentos políticos, horizontalidade da comunicação e democracia digital.
Assim como brilhantemente discorreu o jornalista Fernando Gabeira, de quem sou admirador confesso, eu não posso tomar o Haddad como candidato. O petista não é agora, como candidato, e tampouco será, como presidente, dono de si, porque apenas representa as vontades de quem, mesmo preso por corrupção, arvora-se a desancar autoridades, desrespeitar as instituições e, no alto da soberba própria dos egocêntricos, acha-se acima do bem e do mal, a ponto de se recusar a fazer uma autocrítica de toda a roubalheira que houve no país, e que está propondo à sociedade que dê uma espécie de cheque em branco para voltarem e fazerem a mesma coisa.
Ora, se você não faz uma autocrítica sobre tudo que de mais sórdido aconteceu, mesmo com uma montanha de provas, e mesmo assim se dispõe a ganhar de novo o governo, é porque não mudará e tudo continuará do jeito que está. Bom, pelo menos para mim, essa não é a melhor saída.
Precisamos dar um reset na história, iniciar um novo tempo, mesmo diante das propaladas e aparentes incertezas. É preciso coragem, atitude, ação para virar a página e escrever uma nova história para essa e as futuras gerações, sem meias verdades ou mentiras completas.
Sem esperas, sem amarras e sem receios, o meu voto é em Jair Messias Bolsonaro 17, confiante de que, independentemente de seus predicados e defeitos, possa iniciar uma nova fase, observando o curso natural da democracia e procurando fazer um governo que tente unir o país em torno de objetivos comuns e que concedam mais igualdade, justiça social, honestidade e oportunidades. Essa é a minha decisão e tomara que vença.
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