Confira o artigo:
Enquanto governo tenta combater violência com voos rasantes de helicóptero, crime demarca território na Paraíba
A violência é um fenômeno social com causas e efeitos nefastos, cujo desafio não deve e tampouco pode ser protagonizado por uns e outros não, mas pelos governos e a própria sociedade por meio de ações compartilhadas e combinadas. Com uma dívida atroz com o seu povo, o Brasil vem aprofundando as desigualdades e pouco ou nada tem feito para minorar os reflexos de uma problemática que desafia brasileiros daqui e de acolá.
Na Paraíba não é diferente, contudo o que salta os olhos é a forma com que as autoridades constituídas têm enfrentado ou não a questão. Na medicina e como de resto tudo na vida, o diagnóstico é fundamental para o enfrentamento do problema, seja lá qual for, e encará-lo de frente, sem meias verdades ou mentiras completas, é fundamental para o pleno êxito de qualquer iniciativa neste sentido, no entanto, lastimavelmente esse não tem sido o caminho.
Quer um exemplo claro e bastante latente do equívoco do governo Ricardo Coutinho (PSB) na segurança pública? Antes de ilustrá-lo, gostaria de salientar que a violência não será extirpada na Paraíba com mais violência, mas, diante da necessidade urgente de minorar seus efeitos a curto prazo, o Estado precisa e deve dar uma resposta convincente à sociedade, estabelecendo a ordem pública para os seus cidadãos. Não pode ser considerado normal que no mesmo dia em que a segurança pública promove uma operação para combater o crime quem mostre força mesmo é uma facção criminosa, numa clara e inequívoca demonstração de que não está nem aí para o que diz ou não diz governador, secretário de segurança, comandante da policia e muito menos as demais autoridades responsáveis.
A verdade é que a terra que um diz vendeu tranquilidade como peça publicitária para turistas, hoje é um novo ‘oásis’ para a bandidagem. E pior, na tentativa vã de escamotear uma situação que está cada vez mais insustentável, o governo tenta responder com voos rasantes de helicóptero e a golpes de ações policiais sensacionalisticamente midiáticas. Uma lástima!
O que se viu nesse final de semana foi o atestado dessa incapacidade de articular ou pelo menos esboçar uma reação minimamente eficaz contra criminosos cada vez mais organizados e cônscios da força e poder que têm perante uma sociedade inerte, amedrontada e sem ter mais a quem recorrer. Os tiros e fogos de artifícios disparados ´de João Pessoa a Cachoeira dos Índios não só celebraram um ano de vida de uma facção criminosa, mas testificaram a nossa total o que o sociólogo francês Émile Durkheim expressa como estado de anomia, isto é, ausência ou desintegração social.
Não dá mais para continuar do jeito que está. A sociedade e o Estado precisam dar uma resposta a esse estado de coisas, porque, do contrário, estaremos capitulando ao crime, cedendo ao caos e assinando uma sentença irrevogável de morte.
Ivandro Oliveira é jornalista e diretor de Conteúdo do portal Tá na Área
Discussion about this post