A presença do terceiro ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em solo paraibano, isso em menos de um mês, poderia ser o principal registro do presente escrito não fosse outro detalhe por demais importante, o de que nenhum autodeclarado ‘embaixador’ do bolsonarismo será o anfitrião ou mesmo terá lugar cativo na comitiva ministerial no estado.
Em solo maternal, o cardiologista Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde, dedicará, apenas e tão somente, tempo e atenção para Cícero Lucena, prefeito de João Pessoa, filiado ao Progressistas, de Aguinaldo e Daniella Ribeiro, deputado federal e senadora, respectivamente, e João Azevêdo, governador e filiado ao Cidadania. A cena é uma repetição do que já ocorreu com as visitas recentes de Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional, e João Roma, da Cidadania, ambos recepcionados pelo prefeito pessoense.
Agora, com a presença do também paraibano Marcelo Queiroga, personagens autodeclarados ‘embaixadores’ do bolsonarismo na Paraíba voltam a ficar no esquecimento, restando a arquibancada como prêmio de consolação, já que para o camarote não foram convidados, o que pode ser um indicativo claro do que pensa o Presidente da República, Jair Bolsonaro, acerca desses personagens não tão ilustres assim, pelo menos as olhos do seu governo.
E não são só os ministros do Governo Federal que têm tratado com indiferença os ‘embaixadores’ do bolsonarismo na Paraíba. Esta semana, após alguns desses personagens da política local alardearem aos quatro ventos que o mandatário do país cumpriria agenda em solo paraibano, mais precisamente em Cajazeiras, a terra do padre Rolim, o cerimonial do Palácio do Planalto tratou de desmentir categoricamente a ‘informação’, confirmando a presença de Bolsonaro no Rio Grande do Norte, o que se deu no dia de ontem, em Pau dos Ferros e Jucurutu.
Lideranças autodeclaradas como ‘embaixadores’ do bolsonarismo na Paraíba, os deputados Cabo Glberto (PSL), Walber Virgolino (Patriota), o comunicador Nilvan Ferreira (PTB), dentre outros, poderiam reclamar melhor tratamento e buscar na história uma forma de serem mais reconhecidos pelo governo que tanto julgam defender. No governo de Fernando Henrique Cardoso, o grupo Cunha Lima, que migrou do PMDB para o PSDB, após racha com o então governador José Maranhão, de saudosa memória, eram muito mais que ‘cicerones’ dos ministros da época, a ponto de toda a agenda ser combinada previamente com os líderes locais, que tinham nos prefeitos Cícero Lucena, na Capital, e Cássio Cunha Lima, em Campina Grande, além do poeta Ronaldo Cunha Lima, senador à época, igualmente de saudosa memória, os generais do tucanato no estado.
O presidente Jair Bolsonaro, ao cortejar o prefeito Cícero Lucena e até o governador João Azevêdo, que já disse não ter qualquer simpatia pelo mandatário do país, parece não colocar muita fé na sua tropa tabajara, ou, a julgar por tantos gestos e inúmeros fatos, está disposto a deixá-los na arquibancada, torcendo, vibrando e até brigando, inclusive ao relento, enquanto outro exército participa da festa, com direito a camarote, pista de dança e open bar.
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