30 dias de saudade
Por Ivandro Oliveira
A palavra saudade é única e tão singularmente brasileira como a jabuticaba, árvore frutífera brasileira da família das mirtáceas, nativa da Mata Atlântica. Ela descreve um estado de ser e de espírito, próprio de quem busca geralmente na memória e no pretérito algo a recobrar uma passagem, uma história, um ato, gesto, mas, sobretudo, uma pessoa.
Nos últimos 30 dias, a palavra saudade nunca esteve tão presente em minha vida. Desde que dona Cenilda partiu para o encontro com o Pai, tenho reportado ao tempo e ao espaço a ausência de quem muito faz falta.
Não existem palavras, línguas, gestos ou mesmo pensamentos que possam expressar a dor da perda. Ela é tão profundamente dolorida e fere a alma com esmero desmedido, cortando lenta e dolorosamente com o lado cego da faca.
Por mais que não admitamos ou aceitemos, a morte, pelo menos para os que creem em Cristo, não é o fim em si mesmo, mas o inicio de uma nova trajetória, sem os subterfúgios de um mundo cada vez mais injusto e intolerante, porque “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.” (Apocalipse 21:4)
E tem sido o apego a essa verdade que tenho procurado seguir adiante, embora, admito, não tem sido fácil. É preciso elevar a cabeça, enxergar o horizonte e buscar forças naquilo que acreditamos e defendemos. Não por acaso, saímos das tempestades mais fortalecidos na fé, mais confiantes em Jesus, mais perto de Deus, que não nos promete ausência de lutas, mas vitória certa.
Nosso próximo encontro, minha mãe, será no céu, disso não tenho dúvida. Depois de Cristo verei a sua face singular. E neste dia, minha estrela, a tristeza não terá mais espaço e nem lugar, porque não haverá mais lágrimas, apenas sorriso e alegria.
A vida segue, a história também. E se a vida imita a arte, a canção de Luma Elpídio tem calado fundo ao meu coração. A trilha em forma de poesia não é só um alento ao coração que ainda chora, mas um bálsamo a inspirar minha trajetória e a guiar meus passos hoje amanhã e sempre.
Que o Senhor da História nos abençoe!
Discussion about this post