O malfadado nós contra eles está de volta e a nova nova roupagem em manequim de ‘direita’ guarda sintonia e praticamente o mesmo modus operandi do lulopetismo, precursor da estratégia que tanto tem espalhado intolerância, ódio e até rancor entre brasileiros e brasileiras daqui e de acolá. O ambiente do “nós contra eles”, criado por Lula e o petismo, contaminou o debate político, hoje eivado de radicalismos e pendores autoritários. O Brasil, no entanto, só resolverá suas mazelas se trilhar o caminho do equilíbrio e da pacificação.
Bolsonaro não é esse caminho e tem deixado claro que seguirá a receita de seus adversários mais renhidos para manter-se firme no propósito de criar divisionismos para continuar governando, sobretudo agora em que o pilar do combate à corrupção, tão ferrenhamente defendido antes e durante à última campanha presidencial, ruiu com a conturbada saída do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, que deve ser um duro adversário do Presidente da República pelos próximos anos, a conferir.
A estratégia divisionista bolsonarista parece que começa a ser percebida pela sociedade. Ontem, em meio ao furor de atos em defesa de Bolsonaro e seu governo, fui alertado pelo ativista político paraibano Maurício Renato, do Movimento Renovação Patriótica, que observou semelhança nos movimentos adotados pelo presidente e seus apoiadores nos dias e semanas subsequentes às saídas de Luís Henrique Mandetta (Saúde) e Sérgio Moro (Justiça e Segurança).
Bolsonaro demite Mandetta no dia 16 de abril e no final da mesma semana seguinte chama atos de rua usando como pano de fundo o “desrespeito à constituição” e “intromissão dos poderes”, naquele momento fixando as baterias contra o legislativo, em especial na direção de Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Agora, com a demissão de Moro, Bolsonaro convoca uma nova manifestação, alegando ser espontânea, mas voltada ao poder Judiciário, que o contrariou no impedimento da nomeação de Alexandre Ramagem para PF.
Com a popularidade cada vez mais em baixa, Bolsonaro já sabe que terá de se agarrar aos soldados mais fiéis de sua ‘tropa’. Daqui em diante, cada vez mais usará e abusará de retóricas de campanha na tentativa de conter o estouro da boiada em seu eleitorado, porque, do contrário, não terá ninguém para defendê-lo, muito menos o centrão, com quem ensaia subir ao altar em “nome da governabilidade”.
O desrespeito com o lado oposto e a intolerância com a divergência política não nasceram com Bolsonaro. A rejeição da convivência pacífica diante do pluralismo ideológico e político vem sendo pregada e alimentada há muito tempo.
Alerta-se agora para o risco – real, deve-se reconhecer – da ‘normalização da violência’ contra enfermeiros, jornalistas e quem mais pense diferente de quem se acha acima das próprias leis. A tolerância com a violência, como se ela fosse consequência inexorável do atuar político, não guarda diferença entre o lulopetismo e o bolsonarismo, porque para ambos os fins justificam os meios.
A verdade é que o bolsonarismo cada vez mais se parece com o lulopetismo. Quem não lembra o ‘exércioto de Stédile’? Pois bem, agora, o bolsonarismo se prepara para a ‘guerra’. Os soldados foram escalados a ocupar a Praça dos Três Poderes não pra defender o Palácio, mas para atacar os pilares da democracia. Acuado pelas denúncias de do ex-ministro Sérgio Moro envolvendo ele e seus filhos, o presidente faz uma jogada de alto risco. Para mim, mais um blefe, assim como tantos foram feitos pelos petistas ao longo de quase 15 anos.
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