No livro ‘Líderes se Servem Por Último’, o escritor britânico Simon Sinek, especialista em gestão, acentua que o principal requisito de uma liderança inspiradora é a coragem e descreve que nossa coragem vem da coragem dos outros, daqueles que fizeram algo antes de nós e que nos olham nos olhos e dizem: “Eu acredito em você. Você consegue fazer isso”.
O livro e a descrição feita por Simon Sinek ilustra bem a situação vivida e sentida na própria carne pelo governador João Azevêdo, cuja letargia em decisões cruciais tem acompanhado o seu governo em tempos sombrios e de muita desconfiança, especialmente a cada edição da Operação Calvário, que investiga uma Organização Criminosa que dilapidou os cofres públicos paraibanos durante os governos do PSB, do qual fez parte como auxiliar nos últimos oito anos, e que drenou para corrupção recursos de diversos áreas, a exemplo de saúde e educação.
Ontem, com a deflagração da quinta fase e que resultou, inclusive, na prisão de mais um secretário, sem falar nos mandados de busca e apreensão contra outros dois auxiliares, o governo e o governador voltaram literalmente para as cordas, reforçando a impressão de que toda estrutura administrativa está literalmente anestesiada diante de tantos fatos comprometedores e cada vez mais engessada pelo receio do que virá mais adiante.
Na medida em que demora a tomar decisões, seja pela lentidão de pensamentos e atitudes ou mesmo pela própria falta de coragem de fazer o que deve ser feito, o governador assiste passivamente sua administração passar por uma ampla, geral e irrestrita ‘reforma’ promovida pela Operação Calvário, cuja força tarefa liderada pelo Grupo de Atuação contra o Crime Organizado (Gaeco) agora conta com o reforço de órgãos federais de controle, indicio claro de que algo muito maior ainda está por vir.
O governador, que foi literalmente atropelado dentro do próprio partido pelo seu antecessor, a despeito de todos os gestos de gratidão, a começar pela manutenção da estrutura de nomes e cargos do governo anterior, demora na adoção de providências urgentes para adornar a administração com a sua cara e jeito. Enquanto isso, a Operação Calvário vai ‘decidindo’ por João Azevêdo, ‘depurando’ e promovendo uma grande reforma administrativa no Governo.
Não à toa, fruto dos desdobramentos da Operação Calvário, pastas mais importantes foram alcançadas, secretários e demais auxiliares estratégicos, alvos da investigação, inclusive muitos presos, foram sendo colocados para fora. A lista que daqui a pouco já pode compor um time de futebol conta com nomes do chamado ‘núcleo duro’ girassol. Vamos a eles: Livânia Farias, secretária de Administração; Gilberto Carneiro, Procurador Geral do Estado; Waldson de Souza, secretário de Planejamento; Aléssio Trindade, secretário de Educação; Ivan Burity, secretário Executivo de Turismo; José Arthur Teixeira, coordenador do Imeq; Leandro Nunes de Azevedo; assessor da Secretaria de Administração e Maria Laura Caldas Almeida Carneiro, assessora da Procuradoria Geral do Estado.
Em meio a constatação de que a sua administração já está passando por uma reforma, resta ao governador sair do marasmo que se encontra, comandar o leme do barco e tomar coragem para seguir a travessia, assumindo o governo que até aqui nunca foi seu. Do contrário, assistirá, feito castelo de cartas, o governo ruir a ponto de prematuramente morrer sem ao menos dizer para que veio.
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