A Paraíba escreveu, ontem, mais um importante capítulo de sua trajetória política ao consagrar nas urnas o atual governador João Azevêdo, do PSB, reeleito para mais mandato à frente do executivo estadual. A vitória do professor e engenheiro que se notabilizou pela capacidade técnica na gestão pública, sobretudo como secretário em diferentes esferas de governo, foi o mais eloquente gesto de reconhecimento dos paraibanos e paraibanas ao seu primeiro governo.
Em julho deste ano, aqui mesmo neste espaço, destaquei uma entrevista do governador na qual recitava, com enorme propriedade, um conjunto de indicadores que poderiam, se bem explorados, contrapor o discurso dos opositores. Aliás, naquele instante, chamei a atenção para a desenvoltura com que o governador falava sobre obras, ações e serviços de sua administração, em que pesem as dificuldades oriundas de dois anos de pandemia, período em que teve de conviver com críticas ásperas dos setores produtivos por conta das medidas sanitárias adotadas.
João Azevêdo e a aposta nos números para buscar reeleição; por Ivandro Oliveira
Com um governo bem avaliado, mas com dificuldades na articulação política, João Azevêdo passou a conviver com algumas defecções em sua base, enfrentou dissabores na própria formação da chapa e foi até subestimado pelos grupos tradicionais que o viam como um ‘peixe fora d’água’. Sem ser o candidato de Lula, presidente eleito pelo PT no dia ontem, João Azevêdo apostou na força do seu governo, com destaque para as ações de carne e osso, a exemplo dos programas Tá na Mesa e Prato Cheio.
No segundo turno, após ajustes na articulação e na comunicação, o governador empreendeu um novo ritmo de campanha, com trato mais humanizado na imagem, um João Azevêdo amante da música, que toca guitarra e violão, que ama a família, curte os netos e guarda sua fé em Deus. O tão aguardado apoio de Lula apenas ratificou o que já tinha ficado patente desde o inicio da campanha, que o governador nunca esteve em cima do muro, porque sempre teve num lado só nessa disputa.
O resultado das urnas premiou o governo bem avaliado, o governador respeitado pelos paraibanos não pelo peso da caneta, mas pela força de gestos concretos, como os que pacificaram a relação com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por exemplo. E foi com esse estilo sobrio, seguro e conciliador que João Azevêdo contrariou a lógica e venceu a eleição na Paraíba.
A sua reeleição também é um duro golpe contra grupos políticos tradicionais. De uma só vez, João Azevêdo derrota Cunha Lima e Vital do Rego, que se uniram por conveniência no segundo turno, e o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), duplamente derrotado no pleito deste domingo, 30 de outubro.
Reconduzido ao comando dos destinos da Paraíba por mais quatro anos, João Azevêdo, antes do ‘peixe fora d’água’ da política, agora tem um oceano inteiro para chamar de seu.
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