O Brasil descrito nas letras das canções imortalizadas por Cazuza e Renato Russo, dois dos principais ícones da nossa música nacional dos anos de 1980, década que impulsionou o rock nacional no contexto musical tupiniquim, continua quase o mesmo, talvez um pouco melhor aqui e acolá, mas o certo é que continuamos a enxergar no horizonte mais obtuso “o futuro repetir o passado” num inepto “museu de grandes novidades”.
Os versos de ‘O tempo não para’, obra de Arnaldo Brandão e Cazuza, traduzem bem início do novo governo Lula. Não que ache tudo ruim até aqui, mas a sensação que tenho é que os mesmos erros do passado começam a dourar a pílula do presente.
Na economia, o governo resolveu baldear a atuação técnica do seu Ministério da Fazenda, com ataques infrutíferos ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tendo como pano de fundo uma pseudo aposta na queda da taxa de juros, o estímulo ao crédito e ao consumo, quando todo o mercado financeiro orienta o sentido contrário, preconizando cautela e moderação. Credibilidade é a pedra angular nesse campo e sem isso o país não irá a lugar algum. Aliás, esse comportamento do governo tem espalhado desconfiança nos rumos da economia e o crescimento econômico em 2023 parece comprometido, com previsão de modesto 0,8% de incremento, segundo o último Boletim Focus. Espera-se que não se caminhe para uma recessão, mas o governo não tem, por ora, ajudado.
Quanto ao turismo, no primeiro ano do governo Bolsonaro foram eliminadas as exigências de visto para turistas norte-americanos, canadenses, japoneses e australianos. A medida visava facilitar as viagens para nosso país, com ganhos para nossa economia. O governo Lula revogou a medida, argumentando que o fim do visto não teria levado ao aumento de turistas e que a reciprocidade se imporia, já que os brasileiros precisam de visto para entrar nos países em questão. O argumento é inconsistente, pois no meio do caminho houve uma pandemia, comprometendo a análise da eficácia da política do fim dos vistos para o fluxo dos turistas.
Ainda assim, em 2019 houve aumento de visitantes norte-americanos ao Brasil após a queda da exigência dos vistos. O retorno do visto encarece em US$ 600 a vinda de uma família de quatro pessoas dos Estados Unidos para o Brasil, sendo intuitivo que constitui um desestímulo ao turismo.
Na segurança pública, o governo Lula, que já convive com uma crise sem precedentes no Rio Grande do norte, onde a governadora é do mesmo partido do presidente. Para espanto de muita gente, com uma semana de atraso do agudo conflito entre Estado e marginais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, sempre tão falante, resolveu dar o ar da graça. Em mais uma novidade oriunda do sarcófago, eis que é relançado o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), o mesmo que fracassou nos governos Lula e Dilma.
Durante a sua vigência (2007-2016), os assassinatos no Brasil subiram de 44.625 para 57.842 ao ano. Os crimes começaram a cair somente em 2018, atingindo em 2022 a menor marca histórica, de 40,8 mil mortes violentas. E vou ficar por aqui, por enquanto, claro.
A verdade é que e o governo Lula dobra a aposta nos erros ao reeditar políticas públicas que não deram certo no passado, a questão é saber se o brasileiro terá paciência para aturá-lo até o fim.
Por ora, enquanto a piscina não está cheia de ratos, “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, mas o tempo não para. Não para, não para.”
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