A vida de instantes é feita e num instante passa. A frase, da lavra de Alcides Carneiro, ex-deputado federal paraibano e dono de uma mente privilegiada que o fez militar nas ciências jurídicas e no jornalismo, traduz a essência do momento fúnebre que vivencia a Paraíba e os paraibanos desde o final da noite de ontem, dia 08 de fevereiro de 2021. O homem apaixonado por aviões, que amava sua ‘Fatinha’ (como chamava a desembargadora Maria de Fátima Bezerra Maranhão, sua esposa) e que desafiou o tempo e a lógica das coisas, aos 87 anos, não resistiu à gravidade das complicações causadas pela Covid-19 e nos deixou, na noite de ontem, no leito do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.
Hoje, em meio a tantas recordações, a Paraíba se despede de um dos mais importantes líderes da sua história, um homem talhado pela coragem e sensatez de gestos e atos. José Targino Maranhão lutou e lutou bravamente, mas, infelizmente, não resistiu aos efeitos danosos de um vírus maldito e que tem espalhado tanta dor e sofrimento aqui e acolá.
No momento em que tantas e justas homenagens são feitas ao filho de seu ‘beija’, volto no tempo, mais precisamente no ano de 2001, quando ainda muito jovem, estudante de jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), fui trabalhar na sua assessoria, no final do seu segundo mandato. Na baú de minhas memórias, guardo as inúmeras viagens daquele que ficaria conhecido como ‘Mestre de Obras’, apelido dado por seus adversários e inteligentemente adornado pelo igualmente saudoso Luiz Augusto da Franca Crispim, para servir não apenas como slogan de campanhas eleitorais, mas conceito daquele que apagou o último candeeiro e que levou para todo o estado o arrojadíssimo plano das águas.
Ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-governador por 3 oportunidades e senador por dois mandatos, Zé Maranhão, como carinhosamente sempre foi tratado por seu povo, encerra quase 70 anos de vida pública reta, com uma trajetória irretocável e, sem dúvidas, deixando um legado inestimável de relevantes serviços à Paraíba e o seu povo. Em tempos estranhos e de profunda beligerância de extremos parte a parte, a sua voz sempre sensata faltará à Paraíba e ao Brasil.
A morte de José Targino Maranhão também encerra um dos mais importantes capítulos da história da Paraíba, cujo enredo também fez parte personagens ilustres e igualmente saudosos, como Raimundo Asfora, Antônio Mariz, Humberto Lucena, Tarcísio de Miranda Burity e Ronaldo Cunha Lima. Mas, assim como os demais de sua época, Maranhão guardou a fé e cumpriu sua missão.
E se o nome a obra imortaliza, José Maranhão passa a ser revisitado pela memória daquilo que muito ( e bem) fez, lembrado com gratidão e reverenciado pela grandeza do seu papel na vida pública da Paraíba e do Brasil como alguém que estará sempre vivo na história do seu rincão e latente no coração da sua gente.
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