Nordeste paga a conta dos 2 meses de erros do governo na contenção do óleo
Por Míriam Leitão/O Globo
O governo tem sido incompetente desde o começo no episódio do vazamento do óleo. A gestão do ministro Ricardo Salles tomou decisões temerárias. O GLOBO apurou que há um Plano Nacional de Contingência para vazamentos no mar que o governo deveria ter acionado em 2 de setembro. Isso não foi feito. A conta chegou e o preço está sendo pago pela população do litoral nordestino.
O plano só foi acionado dia 11 de outubro. Outro erro do governo foi deixar o Departamento de Emergências Ambientais do Ministério do Meio Ambiente por seis meses. Em 2019 o país sofreu com três emergências ambientais e o órgão responsável pela reação passou meio ano acéfalo, de acordo com o G1. Além do vazamento do óleo, houve o avanço das queimadas na Amazônia e o rompimento da barragem em Brumadinho.
A situação continua grave. A preocupação principal neste momento tem que ser com a saúde dos voluntários. A população do Nordeste atuou instantaneamente, se organizou com a ajuda de ONGs para limpar as praias. Foi impressionante. Não havia equipamentos necessários para a operação e para a segurança dessas pessoas, que começam a apresentar problemas de saúde. Essa é a preocupação maior neste momento.
Enquanto isso, o ministro Salles segue errando. Na quinta-feira ele insinuou que o Greenpeace tem participação no vazamento. “Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano…”, escreveu Salles. Hoje mais cedo o Greenpeace me informou que já se reuniu com advogados para processar o ministro, que também tem chamado a ONG de terrorista.
O ministro agiu mal com o Greenpeace e pior com o Brasil. Está tudo errado ali. Salles brincou com assunto sério. Se a ele falta seriedade para conduzir assuntos da pasta, que alguém no governo tenha a responsabilidade que o momento exige.
A Marinha do Brasil, a autoridade marítima, está fazendo o trabalho de identificar a origem do vazamento. Essa apuração é uma frente de trabalho. Outra é a limpeza das praias, que deveria ter a presença das autoridades desde o primeiro momento, em um gabinete de crises. Mas a reação foi errática e o ministro continua brincando.
A crise é grave. Impressiona como a gestão atual segue a rotina de erros dois meses depois do início da tragédia.
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