A tecnologia, que combina alta eficiência com baixo custo, gerou perdas estimadas em US$ 1 trilhão no valor de mercado das principais empresas de tecnologia dos EUA e Europa
O lançamento do modelo de inteligência artificial DeepSeek, desenvolvido pela startup chinesa homônima, provocou uma reviravolta no mercado financeiro global. A tecnologia, que combina alta eficiência com baixo custo, gerou perdas estimadas em US$ 1 trilhão no valor de mercado das principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos e Europa, segundo dados do Financial Times e da Bloomberg.
Empresas líderes como Nvidia, Meta, Microsoft e Alphabet foram duramente atingidas. A Nvidia, maior fornecedora de chips para IA, registrou uma queda de 17% em suas ações, resultando em uma perda histórica de US$ 600 bilhões em valor de mercado, a maior já registrada na bolsa americana.
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O DeepSeek destacou-se por sua rapidez e custo de desenvolvimento. Em apenas dois meses e com um investimento de US$ 6 milhões, a startup chinesa criou um modelo capaz de competir com soluções de grandes players. Operando com hardware menos avançado, o modelo desafiou o paradigma de que IA de ponta exige tecnologias de última geração.
Esse avanço questiona o modelo de negócios das big techs, que até então dominavam o mercado com investimentos bilionários em pesquisa e infraestrutura. A Meta, por exemplo, planeja investir US$ 65 bilhões até 2025 no desenvolvimento de IA, mas o sucesso do DeepSeek, que já superou o ChatGPT da OpenAI em downloads na App Store americana, colocou a viabilidade desses investimentos em debate.
Os investidores reagiram rapidamente, reavaliando o potencial de retorno das grandes empresas de tecnologia, o que resultou em uma desvalorização significativa de suas ações. O principal ponto de preocupação é a capacidade dessas empresas de manter margens lucrativas em um mercado cada vez mais competitivo, com soluções tecnológicas acessíveis redefinindo os padrões do setor.
A ascensão de tecnologias como o DeepSeek tem implicações diretas para mercados emergentes como o Brasil. Soluções mais acessíveis podem democratizar o acesso à IA, beneficiando pequenas e médias empresas e impulsionando a competitividade local.
No entanto, a dependência de tecnologias estrangeiras, sejam elas ocidentais ou chinesas, apresenta riscos estratégicos. Sem investimentos robustos em inovação e a criação de ecossistemas tecnológicos locais, o Brasil corre o risco de permanecer como consumidor passivo em um mercado global em rápida transformação.
O lançamento do DeepSeek representa um marco no setor de inteligência artificial, redefinindo não apenas o mercado tecnológico, mas também as estratégias das principais empresas do setor. Ao oferecer soluções mais baratas e eficazes, a China não apenas abalou o domínio das big techs, mas também forçou o mercado a se adaptar a um novo cenário.
Para o Brasil, o recado é claro: investir em inovação e capacitação local é essencial para garantir relevância em um ambiente global cada vez mais competitivo. No novo mercado da IA, eficiência e acessibilidade não são mais diferenciais, mas pré-requisitos para a liderança.
Alek Maracajá
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