Não lembro a ocasião, tampouco o momento, mas a primeira vez que ouvi o nome Manoel Júnior foi por intermédio do meu pai, que também já não está aqui, e isso já faz um bom tempo e remonta final dos anos 80. Vagamente, lembro do mei pai dizer mais ou menos assim:
– Estou fazendo um bico na gráfica de um amigo, imprimindo um material de um jovem médico que vai ser candidato a prefeito de sua cidade, Pedras de Fogo. É um doutor muito educado, que fala bem e que disse que a gente caprichasse para ele sair bonito nas fotos dos santinhos.”
O jovem prefeito era Manoel Alves da Silva Júnior, ou, simplesmente, Manoel Júnior, que ganharia a eleição naquele ano da graça de 1988 e que alçaria voos até antes inimagináveis para o jovem médico de Pedras de Fogo.
O contato inicial com Manoel Júnior só se deu em 2001, quando o entrevistei no programa Mesa de Redação, radiofônico que apresentava com Sérgio Botelho e Linaldo Guedes, na Rádio Tabajara FM, no horário das 18h às 19h. Naquela oportunidade, Manoel Júnior estava no seu terceiro mandato, era presidente da Federação dos Municípios Paraibanos (Famup) e se preparava para ser candidato a deputado estadual pelo MDB, do então governador Zé Maranhão, com quem já trabalhava, embora ainda estudante de jornalismo, na assessoria de imprensa. Naquela entrevista, o então prefeito celebrava um convênio com o Governo do Estado, para construção do Hospital de Pedras de Fogo, um grande sonho do político e da cidade.
Do primeiro ao último contato, no final do ano passado, quando fui parabenizado pelo próprio pela iniciativa de lançar o Arena, Podcast que apresento com Hélder Moura, Nadja Palitot e Maurílio Batista, com quem sempre teve amizade fraterna e leal, muita coisa mudou. Dr. Júnior, como ficou conhecido na terra que deu os primeiros passos na politica, rompeu as fronteiras de Pedras de Fogo, foi deputado estadual, federal por três mandatos, sempre com votações expressivas, e duas vezes vice-prefeito de João Pessoa, cidade que tinha o sonho de um dia governar.
Nos últimos tempos, quem conversava com Manoel Júnior ouvia dele que o câncer era apenas uma de suas lutas. O tão sonhado hospital, que por tanto tempo ficou parado e esquecido por gestores e gestões sucessivas, também ocupava um lugar de destaque na vida do prefeito, que havia saneado pendências jurídicas e assegurado recursos para retomar as obras e concluir o equipamento, considerado por ele fundamental para a população de seus municípes.
Mas, infelizmente, ontem, a inglória peleja contra o câncer não permitiu que mais esse sonho fosse realizado, pondo fim a trajetória do doutor que deixa um grande legado em Pedras de Fogo e que conquistou o respeito da Paraíba e dos paraibanos. Em meio ratificação da transitoriedade da existência humana, resta-nos a certeza que Manoel Júnior não encerra a sua com um ponto final, mas com as reticências de quem imortalizou sua própria história.
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