De Fernando Henrique Cardoso, tal coisa não foi cobrada. O tempo era outro. O país ainda se recuperava do trauma da cassação do mandato de Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois do fim da ditadura. Collor caiu por ser corrupto. Anos depois, o Supremo Tribunal Federal absolveu-o.
Ocupou o lugar dele seu vice, Itamar Franco, que nomeou Fernando Henrique ministro da Fazenda. O governo Fernando Henrique, na prática, começou com o Plano Real, que baixou a inflação e inicialmente foi um sucesso. O Real bastou para eleger e reeleger Fernando Henrique (PSDB), contra Lula (PT).
Descer do palanque significa: menos gogó, e mais medidas e iniciativas governamentais. Lula soube combinar as duas coisas nos seus dois mandatos, e deu-se bem. Faltou gogó a Dilma Rousseff, mas não foi só o que faltou. Michel Temer (MDB) foi um presidente tampão. Sobrou gogó a Bolsonaro, faltou governo.
Lula mostra até aqui que tentará repetir a receita vitoriosa – gogó e governo. Tanto mais porque se vive a era da comunicação massiva em tempo real. Ninguém lhe nega o título de o político que melhor sabe falar aos brasileiros, principalmente aos mais pobres. Resta saber se o Lula 3 será tão bem-sucedido quanto foi o Lula 1 e 2.
A primeira pesquisa deste ano do Instituto Quaest trouxe boas notícias para Lula. Seu governo é avaliado como positivo por 40% dos brasileiros. São 24% os que o classificam como regular, e 20% negativamente. A aprovação é maior entre a parcela mais pobre da população – 47%. Entre os mais ricos, é de 35%.
São 60% dos brasileiros os que dizem avaliar que a administração de Lula será melhor que a de Bolsonaro. Para 27%, será pior. Outros 8% acham que será igual. Para 33% das pessoas ouvidas, o governo de Lula está melhor do que elas esperavam. Isso ocorre mesmo entre os eleitores de Bolsonaro (5%).
Subiu de 48% para 62% o percentual dos brasileiros que afirmam ter a expectativa de que a economia melhore neste ano. A taxa dos que acham que a situação econômica do país vai piorar caiu de 29%, em dezembro, para 20%, agora. Outros 14% acham que o cenário continuará o mesmo – eram 14% no levantamento anterior.
A Quaest entrevistou presencialmente 2.016 pessoas maiores de 16 anos, entre 10 e 13 de fevereiro, em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos. Vá convencer Lula de que ele deve descer do palanque. Tempo perdido.
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