As declarações do presidente Lula sobre os preços dos alimentos, sugerindo que os brasileiros deixem de comprar produtos caros para forçar a queda dos preços, geraram controvérsias e podem, de fato, revelar que o mandatário do país está perdendo a capacidade de dialogar e se fazer entender junto a população, algo inimaginável alguns anos atrás, sobretudo para quem era tido e havido como ‘encantador de serpentes’.
Com desafios na comunicação e na condução de políticas econômicas, o governo petista vem frequentemente sendo surpreendido pelos efeitos práticos de suas próprias declarações e decisões. O caso do PIX e agora a questão da alta dos alimentos ilustram bem essa dificuldade.
Embora o incentivo ao consumo consciente seja uma prática comum em economias de mercado, a fala do presidente pode ser interpretada como um reconhecimento de que o governo tem encontrado dificuldades para conter a inflação e melhorar o poder de compra da população. Em vez de medidas estruturais para reduzir os custos de produção e distribuição, a solução apresentada foi a mudança de comportamento dos consumidores, o que não resolve os problemas de forma duradoura.
A falta de um ajuste fiscal eficiente e sustentável pode estar contribuindo para a alta dos preços, já que o equilíbrio das contas públicas influencia diretamente a inflação e a confiança do mercado. O governo tem investido em programas sociais e políticas de estímulo econômico, mas enfrenta resistência em implementar cortes de gastos ou reformas que possam melhorar a eficiência do Estado.
Se a intenção de Lula era alertar a população sobre o impacto da demanda nos preços, a mensagem interpretada pelos brasileiros foi justamente outra. A sugestão de que os consumidores simplesmente deixem de comprar pode ser vista como uma forma de terceirizar a responsabilidade pela alta dos preços, atribuindo a população o próprio controle de preços ao invés de apresentar soluções concretas e de longo prazo para o problema.
Esses dois casos, apenas a título exemplificativo, indicam que o governo não tem conseguido antecipar os impactos de suas próprias ações e falas, sendo constantemente forçado a recuar ou reformular posicionamentos. A falta de um ajuste fiscal sólido, somada a um discurso político muitas vezes desalinhado com a realidade econômica, está corroendo a credibilidade da gestão lulopetista.
E se o governo não apresentar soluções estruturais para a economia, como controle dos gastos públicos e estímulos à produção, deverá enfrentar novos episódios de desgaste político e econômico, prejudicando a governabilidade e rebaixando a sua popularidade, cada dia mais claudicante e sem qualquer perspectiva de salvação. .
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