Para humanizar o atendimento de pacientes que passam muito tempo internados no Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, o setor de Fisioterapia e a equipe multidisciplinar da instituição passaram a adotar práticas externas. A ação inclui exercícios de fisioterapia fora do leito, bem como tomar banho de sol no heliponto do complexo hospitalar.
Para a coordenadora de Fisioterapia do hospital, Kamila Marinho, é preciso enxergar o usuário da unidade de saúde em seus aspectos físicos, psíquicos e sociais, para além do leito da instituição. “Notamos que independente da idade quando trazemos os pacientes para fora do leito eles ficam imensamente felizes, e isso é bastante gratificante para todos os profissionais que participam deste projeto”, explicou.
Kamila ressaltou ainda que para poder participar do programa, o paciente precisa ser liberado pelo médico e fisioterapeuta, já que irá precisar de acompanhamento constante. “Os usuários são monitorados e recebem total apoio dos fisioterapeutas e da equipe multidisciplinar. Antes de levarmos o paciente para o ambiente externo verificamos o clima, todo o equipamento necessário para sua saída, além de contarmos sempre com a opinião da família do enfermo”, explanou.
O fisioterapeuta Airton Pontual esclareceu que ao iniciar a fisioterapia fora do leito, primeiramente deve ser feito com que o paciente se sinta realmente acolhido e respeitado. Após cumprir os protocolos formais, é a vez de escutar o que o paciente tem a dizer. O próximo passo é esclarecer e orientar sobre a saída do leito e os profissionais que também estarão envolvidos no processo de reabilitação e/ou de cuidados clínicos. “A saída do leito para a fisioterapia motora e ao ar livre é um passo muito importante na vida do paciente, tendo em vista que ele pode conviver com a realidade, ver pessoas, observar o trânsito e sair um pouco da Unidade de Tratamento Intensivo”, frisou.
Laécio Bragante, coordenador médico da UTI, garante que o paciente que necessita de cuidados intensivos precisa de um atendimento que vá além de seu diagnóstico. Isso implica em ver um paciente como um todo, seu bem-estar psicossocial e as condições humanas que interferem na qualidade de vida. “Em muitos casos, a adesão ao tratamento é bastante difícil. Com a saída do leito, o paciente se sente confiante no trabalho da equipe. Isso faz com que ele esteja mais propenso a ouvir e seguir o que lhe é recomendado, facilitando a adesão ao tratamento, além disso, o paciente tem a oportunidade de verificar o que está acontecendo ao seu redor”, comentou.
Para Fábia Araújo, mãe de um paciente que está sendo beneficiado com as sessões de fisioterapia fora leito, o momento é extremamente feliz e recompensador para seu filho adolescente. “Meu filho era um menino bastante ativo, frequentava escola regularmente, passeava com os amigos, andava muito pela cidade, já que moramos em uma cidadezinha do interior, e de repente, por causa do acidente de moto, tudo foi modificado. Quando ele sai da UTI sinto a felicidade no olhar dele. Ele consegue verificar que tudo isso é passageiro e que mais cedo do que ele imagina vamos voltar à nossa rotina”, relatou emocionada.
Alecssandro Barbosa, fisioterapeuta da UTI, diz que a hospitalização gera no paciente um sentimento de temor, por isso a saída do leito e a presença de pessoas próximas oferta para o paciente conforto e tranquilidade, auxiliando na recuperação. “Por entendermos que o vínculo entre pais e filhos é importantíssimo tentamos sempre realizar nossas saídas do leito no momento que os familiares podem acompanhar, além disso, sempre consideramos a vontade, individualidade e privacidade do paciente, sendo assim a fisioterapia se transforma em um momento agradável e esperado por todos incluídos no contexto”, descreveu.
Secom-Pb
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