uem nunca ouviu falar do “jeitinho” brasileiro? Associado à malandragem, ele é visto com simpatia pelo antropólogo carioca Roberto DaMatta, que o define como sendo típico da sociedade brasileira e se caracterizando pela quebra das normas sociais. “O malandro é um profissional do “jeitinho” e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis da vida”, diz o pensador, sendo, porém, contestado pelo sociólogo Jessé Souza, que afirma não ser possível explicar a violação das normas sociais pelo viés da ótica da antropologia social. “Isso não passa de uma afirmação falsa do culturalismo conservador brasileiro”, explica Souza. Agora, esses dois pensamentos antagônicos estarão colocados em discussão num mesmo evento. Antropologia do Direito: Quem tem medo do “jeitinho” brasileiro? acontece na próxima quarta-feira, dia 30, a partir das 14h, na Livraria do Luiz, no Centro de João Pessoa.
O encontro é uma promoção do Governo do Estado, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, e faz parte da programação do Núcleo de Antropologia Visual do Iphaep. “Pela primeira vez, esse tema do “jeitinho” brasileiro é tratado do ponto de vista da Antropologia do Direito, salientando a regra jurídica e as práticas da vida diária no Brasil”, destaca a diretora executiva do Iphaep, Cassandra Figueiredo.
Para debater o assunto, foram convidadas as bacharelas em Direito Jéssica Queiroz e Rafaella Soares. Já os comentários sobre as obras de Jessé Souza e Roberto DaMatta estarão sendo conduzidos pelo escritor e antropólogo Carlos Azevedo e os historiadores Gúbio Mariz e Edvaldo Lira. A entrada é aberta ao público.
Os autores – Aos 83 anos, o escritor e antropólogo Roberto DaMatta é carioca de Niterói. É também professor de Antropologia Social, do Departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e professor emérito da Universidade de Notre Dame, ocupando a cátedra Reverendo Edmund P. Joyce. Estreou em 1967, como autor de Indios e castanheiros, escrito em parceria com Roque de Barros Laraia. Escreveu, ainda, outras dezenas de títulos. Entre os quais, Ensaios de antropologia cultural, Carnavais, malandros e heróis, O que faz o brasil, Brasil? -, publicação na qual lançou a ideia do “jeitinho” brasileiro ligado à malandragem -, além de A bola corre mais que os homens: duas Copas e Fé em Deus e pé na tábua: como e por que o trânsito enlouquece no Brasil. Roberto DaMattapossui centenas de artigos e ensaios em revistas científicas e coletâneas, bem como verbetes em dicionários e enciclopédias no Brasil e no exterior. Durante muitos anos, manteve uma coluna semanal no jornal O Globo.
O sociólogo Jessé José Freire de Souza é professor universitário e pesquisador, com atuação nas áreas de teoria e pensamento social e estudos teórico/empíricos sobre desigualdade e classes sociais no Brasil contemporâneo. Ex-diretor do Ipea, o nordestino de 59 anos nasceu em Natal e já recebeu o Prêmio Jabuti de Humanidades.
Seu livro mais conhecido, A Elite do Atraso: da Escravidão a Bolsonoro, foi lançado em 2017 e já teve várias versões ampliadas e revisadas. A obra sociológica de Jessé Souza foi motivo de discussão de um outro evento realizado, em fevereiro deste ano, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba.
Secom-Pb
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