Em ano pré-eleitoral, alguns vereadores de João Pessoa tentam “fazer média” perante o eleitorado prometendo certas coisas que não podem cumprir e até prejudicando a coletividade com ideias que não cabem no contexto atual de violência enfrentado pela sociedade. Foi o que ocorreu com o vereador Marcos Henriques, que ressuscitou o PL 236/2017 aprovado recentemente pela maioria, que vai de encontro a algo que já está consolidado.
“Isso nos desperta preocupação e reflexão, porque demonstra um descompromisso com a segurança dos milhares de cidadãos que utilizam o transporte coletivo, uma vez que estimularia a volta da circulação de papel moeda nos ônibus, em detrimento ao dinheiro de plástico – num recado claro à bandidagem: Ei, aqui dentro tem dinheiro”, advertiu o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivos Urbanos os de João Pessoa (Sintur-JP), Isaac Júnior Moreira.
Inadmissível retrocesso
Ele prevê uma volta ao ano de 2007, caso a proposta venha a ser sancionada pelo Executivo Municipal, com a utilização de tíquete de papel pelos estudantes, para o pagamento da meia passagem. Ou seja, um estrondoso retrocesso.
Um parlamentar mirim afirmou que essa matéria estaria garantindo aos estudantes sua “educação contínua”. Na verdade, a serenidade mostra que garantir educação é algo infinitamente mais complexo do que isso.
O Projeto de Lei ainda estabelece que para garantir esse direito o estudante deverá apresentar um comprovante estudantil no momento do embarque. Para Isaac, não precisa ser um especialista em transporte para saber que isso iria gerar um atraso enorme no embarque de todos os passageiros, uma vez que o motorista ou o cobrador teria de solicitar e conferir a documentação dos estudantes, enquanto que com o cartão eletrônico e a biometria facial, ele não precisa apresentar nada para ninguém, é só passar o cartão no validador e o embarque é feito em segundos.
E a repercussão ?
Quanto à pretensão do Legislador de estender o desconto de 50% na passagem de João Pessoa a todos os estudantes de qualquer estado ou município do país, Isaac questionou de ele fez algum cálculo para informar ao passageiro da Capital, quem vai pagar essa conta, o quanto essa irresponsabilidade vai custar a mais na passagem e também se analisou que teria conflito com outras leis municipais.
“O transporte coletivo de passageiros é um assunto sensível, sério e bastante complexo. O setor no Brasil inteiro passa por uma crise sem precedentes”, lembrou.
Por fim, ele disse que o setor está consciente da série de problemas que ainda ocorrem na operação e disse ser responsável o suficiente para reconhecer e se empenhar a melhorar o serviço e entregar à população um transporte melhor, mas não é possível admitir que atitudes como esse Projeto de Lei fragilizem ainda mais um serviço essencial como o transporte coletivo de passageiros.
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