PARIS — Três pessoas foram mortas na manhã desta terça-feira por um marroquino de 26 anos que disparou contra diferentes vítimas na cidade de Carcassonne, no Sul da França, e depois invadiu um supermercado em Trèbes, onde se refugiou fazendo reféns. Forças de segurança cercaram o estabelecimento e começaram a negociar com o criminoso. Após cerca de quatro horas de tensão, ele acabou morto a tiros. O caso está sendo tratado pelo governo francês como um atentado terrorista. Cinco pessoas ficaram feridas, sendo que três estão em estado grave.
O atirador foi identificado pelo governo francês como Redouane Lakdim, de nacionalidade marroquina e morador de Carcassonne, cidade turística conhecida por seu centro medieval. Segundo o ministro do Interior, Gérard Collomb, ele era conhecido da polícia por causa de pequenos crimes e posse de drogas. “Nós o havíamos monitorado, mas pensamos que não havia radicalização”, disse o ministro, que foi ao local do ataque.
Sem fornecer provas, o Estado Islâmico reivindicou o atentado em um comunicado na internet, afirmando que o atirador era um “soldado do califado”.
Antes da declaração do ministro, o jornal “Le Parisien” disse que Lakdim era conhecido dos serviços de inteligência franceses. Segundo o jornal, ele era ativo em redes sociais salafistas, a corrente mais ortodoxa e radical do Islã. “Le Parisien” disse ainda que o atirador era suspeito de ter viajado para a Síria.
Redouane Lakdim começou seus ataques ao roubar um carro depois de atirar em seus ocupantes, ferindo o motorista e matando o homem que estava no banco do passageiro, por volta das 10h (6h no horário de Brasília), em Carcassonne. Cerca de meia hora depois, ele baleou um policial que estava fazendo jogging com colegas. O policial baleado ficou ferido no ombro. A bala passou a poucos centímetros do coração, mas sua situação é estável.
Depois, o terrorista dirigiu no carro roubado até uma filial da rede varejista Super U, em Trèbes. O prefeito da cidade, Eric Ménassi, disse à emissora de TV LCI que o atirador entrou na loja gritando “Allahu Akbar” (Alá é grande), vou matar todos vocês” e fazendo as pessoas de reféns. Segundo informou a TV BFM, o autor do ataque exigia a liberação de Salah Abdeslam, suspeito de participar dos atentados em Paris que deixaram 130 mortos, em novembro de 2015. Um açougueiro e um cliente morreram no interior da loja.
Centenas de policiais foram acionados para o local, e a área foi toda isolada. De acordo com relatos divulgados em sites de notícias, um policial se ofereceu para trocar de lugar com um dos reféns. Segundo disse a repórteres o ministro do Interior, Gérard Collomb, o voluntário deixou seu telefone celular em ligação com outro policial do cerco e entrou no supermercado, em um “ato heroico”. Quando seus colegas, do lado de fora, ouviram tiros sendo disparados, eles entraram na loja e mataram o atirador. O policial que se ofereceu para entrar está gravemente ferido. Outros dois polciais foram baleados na ação, segundo o jornal “Le Monde”.
As pessoas que conseguiram deixar o Super U quando o suspeito adentrou no local receberam atendimento psicológico. Todos os reféns deixaram o supermercado após a morte do atirador. Alguns chegaram a se esconder em refrigeradores do estabelecimento.
— Um homem gritou e disparou várias vezes. Vi a porta do refrigerador, pedi às pessoas para que viessem se esconder — contou uma testemunha identificada como Carole. — Éramos dez, e ficamos lá por uma hora. Houve mais tiros e saímos pela porta dos fundos.
A página no Facebook “La vie à Trèbes” publicou imagens que mostram a movimentação policial nas proximidades do supermercado.
G1
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