O jornalista Ivandro Oliveira, diretor de Conteúdo do Tá na Área, volta a opinar no portal, desta feita para refletir sobre a relação entre João Azevedo, governador eleito, e Ricardo Coutinho, atual governador, ambos do PSB. Confira:
Conta, crédito e tempo
Por Ivandro Oliveira
A agenda de um governo, qualquer que seja, deve ser tocada pelo governante eleito, dentro daquilo que foi delineado e planejado desde a fase de construção da plataforma política e eleitoral, muitas vezes na fase de pré-campanha, ainda na elaboração daquilo que redundará no programa de governo. Mas, na contramão da lógica, parece que João Azevedo não poderá tocar adiante a própria agenda de eleito, pelo menos essa á a sensação que fica diante de tantos gestos e atitudes de seu futuro antecessor, Ricardo Coutinho.
De uma hora para outra, Coutinho resolveu empreender uma série de medidas, coincidentemente às vésperas de deixar o governo estadual, numa clara e inequívoca demonstração de querer mostrar ao sucessor quem realmente manda no pedaço. É como se quisesse deixar claro para o eleito que autonomia é algo raro e bastante relativo, a partir de uma relação de dependência entre criatura e criador.
Primeiro, de forma inesperada, Ricardo resolveu ‘promover ajustes’ na equipe, nomeando Tatiana Domiciano para a PBGás, pasmem, restando menos de dois meses para a ascensão de João Azevedo ao posto máximo do Palácio da Redenção. Depois, também estranhamente, indica uma comissão de transição formada pelos mais leais escudeiros, atuais ocupantes de postos de comando na atual administração, inclusive. Dois lances, um sonoro ‘quem manda sou eu’!
Ontem, em evento no Rio Grande do Norte, anuncia que o eleito contará com mais de R$ 200 milhões em caixa, pagamentos de fornecedores, funcionários e prestadores regularmente em dia, enfim, e pra aí vai… E, para fechar com chave de ouro, hoje, em mais uma prova contundente de que tudo isso não se trata de recado, mas um comando, resolve anunciar as matrículas de 2019, novas escolas, metas e diretrizes da educação para o referido ano.
Não é preciso mais desenhar e tampouco falar absolutamente nada. O governador Ricardo Coutinho resolveu apresentar ao eleito todas as contas da campanha, mostrando (e até provando) que é o seu único e suficiente credor. A pergunta que fica no ar é a seguinte: será que João vai mesmo pagar a conta toda sem questionar os valores?
Bom, isso, claro, só o tempo poderá mostrar e o próprio João Azevedo, governador da Paraíba a partir de 1º de janeiro de 2019, poderá dizer.
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