O deprimente e lamentável episódio envolvendo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que usou um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) para comparecer à final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo, no último domingo (24), no estádio do Morumbi, tendo como suposto objetivo assinar um protocolo de ações entre o governo federal e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para combater o racismo no esporte, expôs o caráter execrável com que nossas autoridades tratam a coisa pública no Brasil. Não bastasse a pouca ou vergonha alguma protagonizada pela ministra e sua trupe de assessoras, isso depois de tão ‘penosa missão’, eis que virem a justificativas, um malfadado esboço que só ratifica a velha máxima de que a emenda geralmente é muito pior que o soneto.
A ministra, assim como eu é flamenguista declarada, e isso não tem nada demais, até porque o Flamengo é uma paixão nacional, contudo, valer-se de uma agenda oficial que poderia ter sido cumprida em Brasília, por exemplo, para torcer confortavelmente para seu time do coração a expensas dos contribuintes, foi o fim da picada. Neste sentido, faltaram à ministra não apenas bom senso, mas responsabilidade e compromisso com a função que ocupa. Aliás, registre-se, na contramão da deslumbrada ministra, Sílvio Almeida e André Fucfuca, ministros dos Direitos Humanos e Esportes, respectivamente, foram assistir ao jogo, mas em avião comercial.
E se o exemplo arrasta, a atitude de Anielle Franco contaminou suas assessoras no Ministério da Igualdade Racial, que resolveram imitar os torcedores mais radicais, emendando gestos obscenos para a torcida do São Paulo, inclusive chamando-a de “branca, que não canta, descendente de europeu safade”, conforme esbravejou via redes sociais Marcelle Decothé, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos, que acompanhava a ministra juntamente com Luna Costa, assessora especial de comunicação estratégica da pasta.
Em meio a repercussão do caso, a assessora foi exonerada, mas a ministra ainda usou como ‘muleta’ a maternidade para justificar seu erro. Ora, se a ministra é tão combativa na luta contra racismo, a misoginia e a violência de gênero, não deveria desmoralizá-la, utilizando-a como escudo para seus próprios atropelos.
No fim das contas, a lição que fica é que no Ministério da Iguadade Racial está havendo um misto de deslumbramento, despreparo e intolerância.
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