Depois de ignorar partidos e caciques do Congresso na montagem do seu ministério, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, começou nesta terça-feira a dialogar com as forças da política que mais prometeu manter distância na campanha, as bancadas partidárias. A uma plateia de 50 deputados do MDB, sigla que simbolizou o loteamento partidário de cargos na Esplanada nas últimas décadas, o presidente pediu apoio à agenda do novo governo, mas não abandonou o discurso eleitoral contra a velha política. Depois, aos jornalistas, ao explicar o que havia prometido aos políticos no encontro, foi irônico: nem cargos nem verbas apenas “muito amor”.
Nos encontros, o presidente eleito tentou criar empatia ao pedir ajuda dos parlamentares para mudar as práticas nas relações do Executivo com o Parlamento e defendeu uma mudança na forma de fazer política no Brasil .
“A gente pode não saber a fórmula do sucesso, mas sabemos a do fracasso. Em grande parte continuar fazendo o que estavam fazendo até há pouco tempo. Eu acredito que não temos mais espaço para essa forma de fazer política no Brasil”, afirmou.
Após as reuniões, Bolsonaro defendeu também a liberação com maior velocidade das emendas parlamentares. “A questão também de emendas parlamentares. Se as emendas são impositivas, por que postergar ou fazer um jogo de empurra com o deputado? Acho que o deputado tem que ter sua emenda liberada o mais rápido possível”, disse.
Ele disse que não haverá alinhamento automático das legendas ao seu governo e repetiu não haver intenção de distribuir cargos. “Não existe um alinhamento automaticamente a nenhum partido. Não é isso que buscamos. Buscamos entendimento. É o que tenho falado para eles: posso não saber a fórmula do sucesso, mas do fracasso é essa que foi usada até o momento, de distribuir ministérios, bancos para partidos políticos”, afirmou.
Questionado sobre qual ministro cuidará da articulação com o Congresso — Onyx Lorenzoni, da Casa Civil; ou general Santos Cruz, da Secretaria de Governo —, o presidente eleito disse que “todo mundo tem que falar de política”. “A coordenação fica com Onyx, fica com o Santos Cruz, fica comigo. Todo mundo tem que falar de política. Um tem a atividade mais voltada para os estados e municípios, outro para o Parlamento”, resumiu.
O Globo
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