O pré-candidato a prefeito de Campina Grande e presidente da Câmara de Diretores Lojistas (CDL), Arthur Bolinha (PPS), revelou através de nota sua preocupação com a crise hídrica que afeta a região e tende a se agravar com a notícia de contaminação do açude Epitácio Pessoa.
Ele lembrou que Campina Grande já enfrenta um racionamento de quatro dias na semana, e até o momento, nenhuma ação de governo foi realizada para minimizar o problema. Ele cobrou das autoridades uma saída urgente para evitar o total colapso de água na região.
Confira a nota na íntegra:
É importante esclarecer, desde logo, que não falo aqui como pretenso candidato à prefeitura de Campina Grande, mas como dirigente da Câmara dos Diretores Lojistas de Campina Grande, uma das maiores entidades representativas do estado da Paraíba, e também como cidadão Campinense e pai de família.
Apesar de já ter abordado o assunto anteriormente, dessa vez não posso me furtar da obrigação de manifestar a minha incredulidade e preocupação com a atual situação pela qual passa o município de Campina Grande, e todas aquelas outras 20 cidades que dependem do açude Epitácio Pessoa para o abastecimento de água em suas torneiras.
O racionamento hoje é de 04 dias por semana, totalmente sem água, e vários pontos da cidade não conseguem sequer ser abastecidos durante os outros dias devido à baixa pressão no sistema. E para agravar ainda mais o cenário, já que a capacidade acumulada atualmente passou a ser de menos de 10% do reservatório, recebemos a grave notícia de que essa reserva possui alto índice de contaminação, segundo a própria CAGEPA, que cogita até suspender de uma vez o abastecimento da cidade.
As mesorregiões do Agreste e da Borborema, que dependem direta ou indiretamente do abastecimento proveniente do açude Epitácio Pessoa, são compostas por 110 municípios, e representam no estado 33% do PIB, 40% da população, 31% das empresas instaladas e 27% dos empregos ativos.
A catástrofe que se avizinha de Campina Grande afetará direta ou indiretamente toda essa região e naturalmente toda a Paraíba, dada a significância no funcionamento do estado e dos impactos sócio econômicos.
Não foi feito qualquer planejamento ou ação pelos governos buscando uma alternativa que pudesse pelo menos minimizar o risco de desabastecimento. Enquanto o açude de Boqueirão é uma obra da década de 1950, construída para abastecer uma população muito menor do que a atual, e que ainda teve durante esse período um assoreamento que reduziu consideravelmente a sua capacidade de armazenamento, de lá para cá não houve qualquer obra de infraestrutura que aumentasse a capacidade de abastecimento de Campina Grande e da região, num verdadeiro atentado à população e aos cidadãos.
Nos últimos anos se confiou apenas na fadada obra da transposição do Rio São Francisco, inicialmente prevista para 2010 e que vem se arrastando desde então, sem termos qualquer certeza quanto à sua conclusão.
A fase das chuvas em 2016 que poderia amenizar a situação já se encerrou, e tão pouco houve recarga no açude Epitácio Pessoa que minimizasse esse caos que se aproxima.
De fato hoje não temos qualquer perspectiva concreta de que a crise hídrica será contornada em um prazo curto, e pode ser que tenhamos um dos piores e mais graves desastres no Brasil contemporâneo, pois se avizinha a situação em que uma população de mais de 800 mil habitantes definitivamente fique sem água em suas torneiras, com graves reflexos econômicos, sociais e de saúde pública.
As disputas políticas não podem sacrificar mais ainda a população, todos cidadãos em gozo pleno dos seus direitos e que são contribuintes que devem e merecem ver aplicados os seus recursos também em casos como o atual, com o risco de desabastecimento de água para a população.
As autoridades e a sociedade civil precisam encontrar uma saída urgente, planos alternativos que pelo menos minimizem o impacto dessa crise até que alguma solução mais perene se apresente, e não apenas anúncios e debates.
Somente teremos um novo ciclo chuvoso em 2017, e qualquer resultado das águas do Rio São Francisco não virá antes disso, até porque na medida que a transposição se concretize, ainda precisaremos, segundo estudos, de pelo menos mais 06 meses para normalização do estoque hídrico.
Não podemos deixar a nossa cidade e a população sofrerem ainda mais. Campina Grande, que sempre vem sendo esquecida em obras de infraestrutura no estado, precisa se levantar e gritar alto para que seja atendida em suas necessidades e anseios. A crise hídrica, e as suas consequências, não é só para Campina Grande, mas para toda a Paraíba.
ARTUR “BOLINHA” ALMEIDA
Blogdogordinho
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