O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, protagonizou uma cena dantesca durante a sua participação no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Criticado e vaiado por um grupo de estudantes ligados à enfermagem, Barroso, ao responder “nós derrotamos o bolsonarismo”, avançou contra a própria liturgia do cargo que ocupa e demonstrou, agora com as palavras, que sua atuação como magistrado foi lastreada pela sede e ímpeto de evitar uma eventual recondução de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
“Enfrentei a ditadura e enfrentei o bolsonarismo, não me preocupo”. Em seguida, o ministro enfatizou a importância da democracia, declarando: “Saio daqui com as energias renovadas pela concordância e discordância, porque essa é a democracia que conquistamos. Derrotamos a censura, derrotamos a tortura, derrotamos o bolsonarismo para garantir a democracia e a livre expressão de todas as pessoas”.
O ministro tem todo o direito de defender a democracia e até aí tudo bem, contudo, ao avançar sobre pessoas, no caso, atirando na direção de Bolsonaro, o ministro sai muito mal na ‘foto’ e só oferece combustível a tese de que o judiciário brasileiro, notamente a Suprema Corte do País, trabalhou incansavelmente para derrotar Jair Bolsonaro, usando todos os meios necessários para tal fim.
Vale ressaltar que os manifestantes que protestavam contra Barroso no Congresso da UNE não eram bolsonaristas, pelo contrário, eles exibiam uma faixa com os dizeres “Barroso: inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”. Portanto, a julgar pelas bandeiras defendidas, as pessoas que criticavam o ministro do STF no Congresso da UNE questionavam o comportamento do magistrado no trato de temas equidistantes do bolsonarismo.
O fato é que um ministro do Supremo não deve derrotar ninguém. É papel dele guardar os interesses da Constituição Federal, da própria democracia e proteger, e última análise, o interesse da coletividade. Qualquer coisa fora disso é ativismo político, o que vai na contramão daquilo que é mais sagrado para todo e qualquer magistrado, que é a sua imparcialidade, e essa, infelizmente, parece ter faltado não apenas a Barroso.
No fim das contas, se o ministro queria responder atirando contra o adversário a quem ajudou a derrotar, segundo suas próprias palavras, terminou acertando o próprio peito.
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