O desenho político da disputa eleitoral em João Pessoa ganhou um novo capítulo com o anúncio de que o Partido dos Trabalhadores (PT) deverá oficializar o nome do deputado estadual, Luciano Cartaxo, na disputa pela Prefeitura em outubro próximo. Uma jogada que tem consequências presentes e futuras, e que atende a alguns interesses, menos de Lula e do próprio PT.
Além dos interesses do próprio Luciano, que não tem nada a perder e que, na pior das hipóteses, terá pavimentado sua estrada para a reeleição à Casa de Epitácio Pessoa, a postulação do ex-prefeito pessoense afaga o coração do ex-governador Ricardo Coutinho que almeja, a depender do resultado das urnas, marcar o seu retorno à cena, assumindo um papel de protagonismo na disputa eleitoral de 2026.
Mas, como assinalei acima, a tabelinha Cartaxo e Coutinho tem também consequências futuras. É como no xadrez, em que é preciso antever os movimentos futuros, base central da vitória no jogo. No xadrez, as peças que compõem o tabuleiro têm valor diferenciado pela sua maior capacidade de ataque.
Na política, alguns lances têm mais repercussão que outros, em função da sua consequência no ambiente político. Por isso, sempre se espera mais destas peças de grande valor. Em ambos os casos, usa-se o sacrifício de peças como estratégia, sendo no xadrez para tomar uma peça de maior valor do oponente e na política para composições partidárias e eleitorais futuras.
Política e xadrez exigem inteligência e paciência. Movem-se em função do movimento do seu adversário em busca de brechas e alternativas. No caso do PT, ao decidir pela candidatura de Luciano Cartaxo, o partido pode ter comprometido o próprio jogo na futura disputa de 2026, quando possivelmente seu projeto maior estará à prova.
Não precisa desenhar para entender que uma possível reeleição de Cícero Lucena, tendo o PT como adversário na peleja de outubro, desobriga, pelo menos em tese, o atual prefeito pessoense a um possível apoio a Lula, em 2026. Aliás, sempre é bom lembrar, caso vença e bem a disputa na Capital, o próprio Cícero, difícilmente, não será apontado como candidatoao Governo do Estado, inclusive com o apoio do governador João Azevêdo, seu principal parceiro político até aqui, criando um cenário de dificuldade para Lula no estado, que pode, a depender das marcas e traumas que ficarão da disputa municipal, sem palanque para a campanha presidencial de daqui a dois anos.
O filósofo de Mondubim diz que consequências são tudo que virá depois, um axioma também pregado pelos budistas e hinduístas quando falam do carma e das leis provenientes da causalidade moral a que todos nós estamos sujeitos, mostrando que para cada ação boa ou má corresponde uma reação no mesmo sentido. E se o anúncio da pré-candidatura de Luciano Cartaxo já provocou abalos em camadas importantes e representativas do partido, a ponto de boa parte dos dirigentes da sigla assinarem uma carta contestando a forma como tudo foi feito e questionando a capacidade do próprio deputado estadual representar as idéias e projetos da sigla, imaginem as consequências resultantes desse conturbado processo no cenário político e eleitoral do ano da graça de 2026!?
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