O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Justiça Federal de Brasília, marcado para a manhã de terça-feira (14), terá reforço na segurança no local e levará até mesmo ao fechamento de uma rua. O ex-presidente é réu em ação penal que apura se ele tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Segundo a Justiça Federal, trata-se de uma medida solicitada pela Polícia Militar (PM) para garantir mais segurança e evitar grandes manifestações contrárias ou a favor de Lula. A PM informou que a decisão de montar um esquema de segurança para o depoimento de Lula foi tomada pela Secretaria de Segurança Pública do DF.
O trecho interditado ao trânsito tem aproximadamente 700 metros, começando num supermercado e terminando numa loja de motocicletas vizinha ao prédio da Justiça Federal. Nem mesmo os servidores poderão passa por lá. No local, serão permitidos apenas veículos de equipes de TV. A rua passa pelos fundos, mas é por ela que é possível chegar de carro e ao estacionamento. A frente do prédio fica virada para uma avenida movimentada, onde o acesso é apenas a pé ou de ônibus. O GLOBO procurou a PM para obter mais detalhes, mas não obteve resposta até agora.
Na semana passada, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, negou o pedido do ex-presidente para depor por meio de videoconferência. Com isso, Lula terá que comparecer pessoalmente na Justiça Federal. Ele queria depor de São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, onde mora.
O juiz destacou que “tem atendido aos pleitos das defesas desde que dentro de suas possibilidades técnicas”, acrescentando: “Todavia, não poderá acolher postulação que envolva logística fora de suas capacidades, a par da indisponibilidade de videoconferência no dia 14/03/2017 com São Paulo e com São Bernardo do Campo”. A data do depoimento já tinha sido marcada no começo do mês passado. Inicialmente, Lula falaria no dia 17 de fevereiro, mas a audiência foi adiada a pedido da defesa do ex-presidente.
Lula e mais seis pessoas, incluindo o ex-senador Delcídio Amaral e o banqueiro André Esteves, são acusados de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que estava negociando uma delação com o Ministério Público Federal (MPF). Delcídio chegou a ser preso por isso. No fim, Cerveró e, posteriormente o próprio Delcídio, se tornaram delatores e passaram a colaborar com as investigações. Também são réus o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula; o filho dele, Maurício Bulai; Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio; e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró.
Delcídio foi preso em novembro de 2015 após ser flagrado em gravação tentando comprar o silêncio de Cerveró. Posteriormente, ele se tornou colaborador e foi solto. Em sua delação premiada, o ex-senador acusou Lula de participação na tentativa – frustrada – de derrubada da delação de Cerveró. Segundo Delcídio, o ex-presidente agiu para que a família Bumlai interferisse – inclusive financeiramente – nos rumos da colaboração do ex-diretor da Petrobras.
Delcídio disse ter procurado Maurício Bumlai e obtido repasses em dinheiro vivo. O próprio senador disse ter feito um repasse de R$ 50 mil ao advogado de Cerveró, Edson Ferreira. Os dados bancários mostram uma movimentação financeira pouco antes dos repasses em dinheiro vivo, conforme a denúncia. Ainda segundo a delação, André Esteves participou da trama. A assessoria do banqueiro alega que, depois disso, em 16 de maio deste ano, em entrevista ao programa “Roda Viva”, Delcídio isentou Esteves de culpa.
O Globo
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