Em mais um artigo para o Tá na Área, o jornalista Ivandro Oliveira, diretor de Conteúdo do Portal, analisa a disputa presidencial nesse segundo turno e antevê a derrota de Fernando Haddad (PT) para Jair Bolsonaro (PSL). Para ele, a verdade é que o País avança para conferir uma votação estratosférica a Jair Bolsonaro, próxima dos 70 milhões de sufrágios, a julgar pelo sentimento das ruas e das próprias aferições dos institutos de pesquisas, numa eleição marcada pelo voto útil e antipetista.
Confira:
Encontro da velha retórica petista com a verdade das urnas
Por Ivandro Oliveira
A tal ‘Frente Democrática’ em apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República nem bem foi lançada e já começou a fazer água. A inflamada declaração do senador eleito pelo PDT do Ceará, Cid Gomes, durante evento de apoio ao petista na Capital Fortaleza, botou por terra todas as pretensões do ex-prefeito de São Paulo de aglutinar o maior número de apoios para fortalecer um movimento contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
Escalado para ser o primeiro a discursar, Cid cobrou um pedido de desculpas do PT pelas “besteiras que fizeram”, disse que o partido “criou” Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas para a Presidência, e vaticinou: “vai perder feio a eleição”.
O inflamado discurso de Cid Gomes pode até ter um certo ranço pela forma como seu irmão foi tratado por Lula e seus subalternos, mas, no cômputo geral, tem essência verdadeira e expressa a mais eloquente crítica ao partido que nunca admitiu ter errado de verdade, a despeito de tudo que já é por demais conhecido do grande público. Na verdade, o PT ainda não entendeu que o ‘fenômeno’ Bolsonaro não foi obra e graça do Espírito Santo, mas ao sentimento antipetista disseminado de Norte a Sul e Leste a Oeste do País.
Não que a iminente vitória de Bolsonaro seja uma resposta adequada aos dilemas brasileiros, muito pelo contrário, mas o fato é que o presidenciável do PSL soube, desde muito antes, capitalizar para si todas as expectativas de revanche contra o partido que governou o Brasil por quase 14 anos.
A empáfia foi demasiadamente terrível para as pretensões do PT e de sua candidatura. No alto de sua soberba, o ex-presidente Lula minou todas as pretensões dos demais candidatos da chamada ‘esquerda’ brasileira, ferindo, de forma mais notável, Ciro Gomes, do PDT, cuja candidatura certamente imporia mais trabalho a Bolsonaro nesse segundo turno.
A verdade é que o País avança para conferir uma votação estratosférica a Jair Bolsonaro, próxima dos 70 milhões de sufrágios, a julgar pelo sentimento das ruas e das próprias aferições dos institutos de pesquisas, numa eleição marcada pelo voto útil e antipetista, tanto é verdade que, como última cartada, Haddad agora quer fazer com que os brasileiros e brasileiras acreditem que que nada tem a ver nem com o PT nem com Lula.
E é justamento em torno dessa discussão de valores que pretende identificar-se como um candidato sem partido, preocupado unicamente com a democracia brasileira, que, segundo seu discurso, estaria ameaçada por Bolsonaro, defensor da apologia da ditadura e da tortura. Trata-se de mais um erro, em meio a uma coletânea inteira, que o diga o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem os companheiros de Lula, Haddad e Manuela buscam apoio, a despeito de tudo o que disseram no passado.
É chegado o momento da colheita. Os frutos dos anos a fio serão, enfim, colhidos. A velha retórica, que tanto funcionou ao longo de uma trajetória de quase 40 anos, tem um encontro marcado com a verdade das urnas, agora não tão aguardado como em campanhas pretéritas, mas absolutamente necessário para a sequência do próprio curso da história, que seguirá inexoravelmente por meio da vontade soberana do povo brasileiro.
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