Leandro Nunes de Azevedo, ex-assessor da Secretaria de Administração da Paraíba, preso na Operação Calvário, que investiga desvios de dinheiro da Saúde, pagamento de propinas a agentes públicos e até Caixa 2 para campanha eleitoral, prestou depoimento de aproximadamente 16 horas às autoridades e falou muito sobre irregularidades, embora o conteúdo das revelações seja mantido em sigilo, revela a jornalista Lena Guimarães, em sua coluna no Correio da Paraíba.
Leandro, que desde a investidura do PSB na Prefeitura da Capital sempre ocupou cargos de assessoria, integrou o Governo do Estado desde 2011 (período Ricardo Coutinho, do PSB) e era pessoa de confiança dos gestores estaduais. Não à toa, ficou responsável por contratos de terceirização da Saúde. Ele é encarado como o personagem que pode tirar o sono dos responsáveis pela vinda da Cruz Vermelha e de outras organizações sociais para a Paraíba.
O ex-assessor foi filmado em um hotel de luxo no Rio de Janeiro ao receber de Michelle Cardoso, da Cruz Vermelha, que administra o Hospital de Trauma e Emergência de João Pessoa, uma caixa que conteria propina em espécie. Michelle chegou a contratar segurança para o percurso que faria até o local do encontro. De acordo com a investigação – relata Lena Guimarães – a funcionária da Cruz Vermelha já tinha vindo a João Pessoa em voo fretado, em 2014, transportando “recursos ilícitos”. Em sua comunicação com outros membros da organização criminosa, ela admitia que a missão estava vinculada a financiamento de campanha.
Ao pedir a prisão de Leandro e determinar buscas e apreensões nas casas dos secretários Waldson de Souza, ex-Saúde, atual Planejamento, e Livânia Farias, da Administração, o Ministério Público da Paraíba informou que quando foi contratada a Cruz Vermelha não tinha experiência em gestão hospitalar nem preenchia os requisitos exigidos para ser reconhecida como “organização social”, mas sequer participou de licitação.
No último dia 26 de fevereiro, o ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça, negou habeas corpus a Leandro Nunes de Azevedo. Uma semana depois, o desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba, transformou a prisão preventiva de Leandro em medida cautelar e o ex-assessor deixou o Presídio PB1, seguindo para sua residência com tornozeleira. As decisões fizeram parte de um acordo de delação premiada. Leandro colaborou com informações prestadas nas 16 horas de “oitiva” e, agora, há muita expectativa e apreensão em algumas áreas quanto aos desdobramentos das suas informações.
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