O economista Roberto Campos Neto, executivo do banco Santander, foi indicado para comandar o Banco Central na gestão do presidente Jair Bolsonaro, a partir de janeiro do ano que vem. A informação é da equipe de transição do governo eleito.
O economista Roberto Campos Neto, como o nome sugere, é neto do ex-ministro e economista Roberto Campos, que ocupou o Planejamento no governo Castelo Branco e foi um dos maiores representantes do pensamento liberal no país. Campos Neto é executivo do Banco Santander e próximo a Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, Planejamento e Indústria e Comércio, com quem se reuniu na terça-feira (13). No Santander, ele opera como tesoureiro para as Américas.
Ele é conhecido por colegas como alguém competente e que foi entusiasta da campanha de Jair Bolsonaro desde o início. Em reuniões com parceiros no mercado financeiro, ele já mostrava admiração por Bolsonaro, quando parte significativa do mercado flertava com o tucano Geraldo Alckmin. Ele trabalhou no banco de investimento Bozano Simonsen, do qual Guedes foi acionista, entre 1996 e 1999.
O atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, pode continuar no cargo, mas a equipe de transição trabalha com um plano B, já que ele não deu ainda uma resposta e emitiu sinais de que não está tão envolvido com a possibilidade de continuar no BC. Além de questões pessoais pesando, Goldajn também quer a aprovação da autonomia do Banco Central ainda neste ano para ficar na presidência da instituição, o que depende da aprovação de uma lei complementar (um dos pontos da agenda econômica do futuro governo que podem ser aprovados em 2018).
Roberto Campos foi um dos idealizadores do BNDES e é conhecido por ser um dos pais da economia liberal no país. É autor de “A Lanterna na Popa”, seu livro de memórias que, com mais de mil páginas, é considerado por muitos uma obra fundamental para entender o país.
Se, de fato, ingressar no novo governo, Campos Neto tenderá a seguir o avô e será mais um economista com viés liberal no time de Bolsonaro-Guedes. Parte da nova equipe econômica passou pela Universidade de Chicago, formadora de economistas com uma visão mais ortodoxa e liberal, que no Brasil faz um contraponto à escola de economia da Unicamp, de onde partiram nomes ligados ao PT, como Luciano Coutinho e Marcio Pochmann. Guedes, Joaquim Levy, que irá para o BNDES, e Roberto Castello Branco, da equipe de transição, por exemplo, são formados pela Universidade de Chicago. Já Campos Neto tem passagem pela Ucla (Universidade da Califórnia).
Com Júlia Dualib, do G1
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