Os governadores dos nove estados do Nordeste divulgaram uma carta, ontem, em que afirmam que o presidente Jair Bolsonaro adotou um “método inconsequente” ao estimular a população a entrar em hospitais de campanha e filmar os locais. Para o grupo, Bolsonaro incentiva as pessoas a invadirem hospitais, o que coloca a vida dos pacientes internados nesses locais em risco.
“O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida na Constituição”, escreveram.
Para eles, o governo federal nega a gravidade da Covid-19. “O governo federal adotou o negacionismo como prática permanente, e tem insistido em não reconhecer a grave crise sanitária enfrentada pelo Brasil, mesmo diante dos trágicos números registrados, que colocam o país como o segundo do mundo, com mais de 800 mil casos”.
“No último episódio, que choca a todos, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar
as pessoas a invadirem hospitais, indo de encontro a todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde”, escreveram os governadores.
Os governadores também disseram que o Brasil está em uma “inusitada e preocupante situação” diante de operações policiais na casa de governadores, sem antes ouvir os investigados nem solicitar documentos. “É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados”.
Eles dizem que essas operações retraem equipes técnicas, o que pode complicar ainda mais o enfrentamento à doença, e condenam os gestores antecipadamente com “espetáculos” na porta de suas casas e das sedes dos governos.
Nas últimas semanas, a Polícia Federal fez buscas nas residências dos governadores Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, e Helder Barbalho (MDB), do Pará. Ambas ações investigam fraude na compra de equipamentos.
Os governadores disseram que estão à disposição para fornecer informações para o poder Judiciário e os Tribunais de Contas, mas que condenam a “instrumentalização política das investigações”.
“Deixamos claro que defendemos investigações sempre que necessário, mas de forma isenta e responsável. E, onde houver qualquer tipo de irregularidade, comprovada através de processo justo, queremos que os envolvidos sejam exemplarmente punidos”, dizem.
Assinam o documento os governadores da Bahia, Rui Costa (PT); de Alagoas, Renan Filho (MDB); do Ceará, Camilo Santana (PT); do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); da Paraíba, João Azevedo (PSB); de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); do Piauí, Wellington Dias (PT); do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PCdoB); e de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD).
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