O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente José Sarney (PMDB), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e outros políticos do PMDB. O pedido foi feito com base na delação premiada do ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que disse ter distribuído mais de R$ 70 milhões em propina de contratos da estatal para a cúpula peemedebista. As informações foram divulgadas nesse domingo pelo Fantástico, da TV Globo. Caberá agora ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo, autorizar ou não o início das investigações.
Em seu depoimento, Machado contou que o valor mais expressivo, de R$ 30 milhões, foi destinado a Renan, responsável por sua indicação à presidência da subsidiária da Petrobras e maior transportadora de combustível do país. Segundo ele, R$ 20 milhões foram repassados a Sarney e outros R$ 20 milhões a Jucá, ex-líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma e primeiro ministro de Michel Temer a deixar o governo. Flagrado em gravação com Machado em que defende a troca de governo e um pacto para “estancar a sangria” da Operação Lava Jato, Jucá deixou o Ministério do Planejamento 12 dias após sua nomeação.
Dos três, apenas Sarney não é investigado até o momento na Lava Jato. Renan acumula pelo menos 11 inquéritos no Supremo por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de dinheiro público e falsidade ideológica. Destes, nove são relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras. Jucá é alvo de ao menos dois inquéritos da Lava Jato.
No acordo para reduzir sua punição, Sérgio Machado se comprometeu a devolver cerca de R$ 100 milhões que admitiu ter recebido em propina de contratos de grandes empresas com a Transpetro. O ex-presidente da subsidiária também envolveu os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Edison Lobão (PMDB-MA) nos repasses.
A delação de Sérgio Machado não se limita às gravações que fez com diversos peemedebistas. Ele indicou contratos fraudados e os caminhos que o dinheiro percorreu até chegar aos políticos entre 2003 e 2015, período em que esteve à frente da empresa. A propina, segundo ele, servia tanto para cobrir despesas eleitorais quanto para pagar despesas pessoais dos beneficiados pelo esquema de corrupção.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, nega responsabilidade na indicação de Sérgio Machado e afirma que nunca recebeu recursos de origem ilícita. Jucá também rechaça ter recebido recursos por meio de Machado ou como comissão por contratos da Transpetro. Já o ex-presidente José Sarney diz que falta caráter a Machado e que vai processá-lo por denunciação caluniosa. “Teve a vilania de gravar nossas conversas, até mesmo em hospital”, criticou.
Congresso em Foco
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