João Pessoa sempre foi rebelde quando teve de tomar importantes decisões políticas. Não precisa revisitar muito o passado para encontrar exemplos emblemáticos de uma cidade que sempre recebeu bem a todos, mas que nunca abriu mão de decidir seu próprio destino e não seria agora que deixaria de fazê-lo, com a costumeira independência de sempre.
Daqui a mais alguns dias, homens e mulheres de uma cidade que caminha para quatro séculos e meio de vida voltam às urnas para escolher aquele que a conduzirá pelos próximos quatro anos. Na disputa, Cícero Lucena, ex-governador, ex-ministro, ex-prefeito, ex-senador, e Nilvan Ferreira, comunicador que saiu de Cajazeiras para fazer sucesso na Capital das Acácias, nomes que procuraram promover campanhas propositivas, apresentando ideias e apontando soluções para a senhora que já foi Aldeia (das Neves), Philipéia, Frederica e Paraíba.
Neste segundo turno, assim como foi no primeiro, o componente da polarização em âmbito federal passará ao largo, mas, também, o estadual, pelo menos é o que se espera, pois quem o contrário fizer, certamente amargará dificuldades junto a um eleitorado arisco e que não permite que faça da sua cidade trampolim para uma disputa que só acontece dois anos para frente.
No inicio dos anos de 1990, para sem mais exato, em 1992, o poderoso PMDB, de Ronaldo, Humberto, Mariz e Maranhão resolveu estadualizar a disputa em João Pessoa, lançando o jovem advogado e então vereador Delosmar Mendonça Júnior. O resultado dessa pretensão foi um terceiro lugar, com 30.812 votos, bem distante dos dois colocados que foram para a reta final. Chico Franca, que sucedeu Lúcia Braga, impugnada pela Justiça Eleitoral, ganhou no segundo turno, concorrendo pelo PDT, com 102.878 votos, contra 71.750 sufrágios atribuídos a Chico Lopes, o candidato do Partido dos Trabalhadores.
E se a história segue o seu próprio curso, outros inúmeros exemplos se sucederam em diante, sempre com a marca da rebeldia de uma João Pessoa indócil e que não costuma permitir que decidam seu futuro colocando outros interesses que não sejam eminentemente os seus.
A verdade é que o pessoense não está nem um pouco interessado numa eleição que só acontecerá e 2022, mas em quem terá as condições necessárias para resolver os problemas da saúde, educação, mobilidade urbana, trabalho, emprego e renda, isso sem esquecer que estamos numa pandemia que tem espalhado um rastro de dor, sofrimento e profunda desesperança em boa parte dessa cidade.
A discussão sobre os problemas de João Pessoa e as suas soluções são as duas coisas que realmente interessam e que o eleitor anseia ouvir de Cícero e Nilvan neste segundo turno. O resto, inclusive essa história de que Campina Grande vai interferir na eleição de João Pessoa, não pega bem e deve, não só pode, gerar um efeito nefasto contra quem assim agir, porque a história pode mais uma vez se repetir.
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