O jornalista Ivandro Oliveira, diretor de Conteúdo do portal Tá na Área, faz uma análise do cenário político atual com a definição das candidaturas à Presidência da República e Governo do Estado. No escrito, Ivandro Oliveira analisa que a oficialização da candidatura do PV pode, por assim dizer, representar a primeira vitória dos irmãos Cartaxo sobre o grupo político do governador Ricardo Coutinho (PSB), que sempre apostou no insucesso da postulação do PV e que Lucélio não seria candidato.
Confira a análise:
Nova fase da disputa eleitoral e a primeira vitória de Lucélio Cartaxo sobre Ricardo
A definição das candidaturas e a montagem das chapas majoritárias e proporcionais encerram a primeira fase de uma disputa que promete ser a mais difícil de todos os tempos. Não que as regras e os jogadores tenham mudado muito, aliás pouco ou nada mudou até aqui, mas por conta do nebuloso momento do país, atolado numa crise sem precedentes, com a credibilidade de suas principais instituições em baixa, salvo raríssimas exceções, e sem perspectiva de reversão a curto prazo, pelo menos aos olhos dos brasileiros, eleitores ou não.
Com 35 partidos políticos e mais de uma dezena de candidatos, nunca o eleitor esteve tão sem opção para uma eleição batendo a porta, prova inconteste da falência do sistema político-partidário brasileiro e demonstração da total incapacidade de uma classe política desacreditada e sem qualquer reação, a não ser a de autossobrevivência. Em meio a esse cenário desolador que a disputa eleitoral desse ano definiu os times que entram em campo para tentar evitar um recorde, o de maior número de abstenções, votos brancos e nulos de toda a história, cuja previsão já bate a casa de mais de 70 milhões no país.
Na disputa pelo Palácio do Planalto, o ineditismo de um candidato preso e literalmente atrás das grades, condenado por corrupção e com outros processos e crimes a serem apurados e sentenciados em breves dias, realça bem o que pode vir pela frente. Aliás, sem qualquer receio da história, o PT aposta mais uma vez num poste e apresenta Lula, sem quaisquer condições de jogo pelas regras vigentes, na tentativa de criar um ambiente em que o ex-presidente possa encandecê-lo.
Não à toa, pela ordem, Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (embora vice, virtual candidato do PT), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) devem polarizar a disputa presidencial desse ano.
Na Paraíba, após as convenções partidárias deste final de semana, e com as escalações definidas, o saldo é extremamente positivo para Lucélio Cartaxo (PV), que graças ao poder de articulação, não só convenceu os aliados de ontem e de hoje, como surpreendeu os adversários com uma ampla frente de partidos, cujo tempo de televisão lhe renderá as condições necessárias para aparecer e crescer perante o eleitorado, o que, de certa forma, repete um cenário parecido com o de 2016, na eleição que rendeu, em primeiro turno, uma vitória acachapante do seu irmão, Luciano, na ápoca filiado ao PSD, em João Pessoa.
A oficialização da candidatura do PV pode, por assim dizer, representar a primeira vitória dos irmãos Cartaxo sobre o grupo político do governador Ricardo Coutinho (PSB), que sempre apostou no insucesso da postulação do PV e que Lucélio não seria candidato. Aliás, Ricardo jogou pesado para isso, espalhou boatos, plantou discórdias e, por vias convexas, estimulou a candidatura do senador José Maranhão, também homologada pelo MDB.
Lucélio Cartaxo resistiu a tudo isso, costurou apoios importantes, formou uma chapa com uma vice (Micheline Rodrigues) atuante e dois postulantes ao senado (Cássio e Daniella) com apetite e vontade de ir para cima em busca de ganhar o jogo. Em resumo, Lucélio firmou uma aliança que geograficamente equilibra a defesa, dosa o meio de campo e imprime velocidade ao ataque com a força das gestões (bem avaliadas) dos dois maiores colégios eleitorais do estado.
Do lado girassol, com exceção de Lígia Feliciano, tratada da ‘Síndrome de Estocolmo’ e de volta ao lugar de sempre, todas as apostas estão em quem não estará na disputa. Caberá ao governador Ricardo Coutinho o papel de tentar vencer o jogo sem entrar em campo. Com um governo bem avaliado, segundo últimas avaliações divulgadas, Coutinho sabe do desgaste de oito anos de gestão e da própria fadiga acumulada nos últimos anos, daí a preocupação em dotar João Azevedo (PSB) das condições necessárias para pleito, o que até aqui foi feito, não só pela estrutura posta, como pelos apoios (tem o maior número de partidos, 14 ao todo).
Por outro lado, difícil será subestimar o senador José Maranhão, que no auge dos seus mais de 80 anos de idade, mostra vitalidade para buscar chegar ao Palácio da Redenção pela quarta vez, embora tenha pela frente a hercúlea missão quebrar a polarização entre Lucélio e Azevedo, isso sem desmerecer, claro, as candidaturas de Tárcio Teixeira (PSOL) e Rama Dantas (PSTU), que cumprem importantes papéis na disputa deste ano.
A verdade é que a disputa entra numa fase decisiva em que os competidores precisarão fazer bonito e bem feito nos palanques eleitorais e eletrônicos, sobretudo em tempos de horizontalidade da informação por meio das redes sociais. Para isso, a recomendação é utilizar da melhor forma possível todos os espaços, da mobilização de rua a virtual, porque, a partir de agora, ganha quem acertar mais e errar menos.
Ivandro Oliveira é jornalista e Diretor de Conteúdo do portal Tá na Área
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