O saldo eleitoral expressado pelas urnas nesse domingo, 06, em João Pessoa, surpreendeu 99.99% dos analistas e entendidos em política que projetavam uma vitória em primeiro turno do atual prefeito Cícero Lucena (PP) ou, num cenário mais conservador, um eventual segundo turno entre o gestor pessoense e o deputado federal Ruy Carneiro (PL), o que não aconteceu. Assim como Nilvan, em 2020, o bolsonarismo conseguiu emplacar Marcelo Queiroga (PL) no certame decisivo.
Diferentemente daquela eleição, quando teve apenas 20,72% dos votos válidos no primeiro turno, Cícero Lucena dobrou seu desempenho e alcançou 49,16%, impondo uma frente de quase 115 mil votos contra Queiroga, o que torna a missão do ministro da Saúde do governo Bolsonaro uma missão quase impossível. Na prática, Queiroga, que foi a grande surpresa, com seus com seus 21,77% dos votos válidos, precisará mais que dobrar a sua votação para bater Cícero neste turno final.
Por outro lado, Cícero, que por uma peinha de nada não encerrou a parada neste domingo, precisará administrar a larga vantagem, promovendo os ajuses necessários e seguindo apresentando seu inventário administrativo, que queiram ou não seus adversários, foi chancelado pela maioria esmagadora da população que o chancelou com mais de 205 mil votos. Aliás, a julgar pelos números desse primeiro turno, Cícero fez o que seus adversários não entendiam ou teimavam não enxergar, que o seu governo é muito bem avaliado, e isso envolve não apenas a entrega de resultados palpáveis, como obras, programas e melhorias econômicas ou sociais, mas também a manutenção de uma boa percepção pública, traduzida em uma alta aprovação popular.
Até onde a vista alcança, só mesmo uma hecatombe para provocar uma derrota de Cícero, em João Pessoa, mesmo considerando uma eventual presença de Bolsonaro e a migração dos eleitores de Ruy para Queiroga. É que, em sentido reflexo, quem votou em Luciano Cartaxo, dificilmente votará no candidato bolsonarista, o que dará proeminência dos votos lulopetistas ao atual prefeito pessoense.
Mas as urnas desse domingo não contam apenas as histórias de Cícero e Queiroga. Elas charfundam os planos do ex-governador Ricardo Coutinho, que foi uma espécie de criptonita para Luciano Cartaxo e a campanha petista na Capital. Aliás, Cartaxo terá que repensar muita coisa a partir de agora, a começar pelo fato de que a companhia do casal Ricardo e Amanda não lhe fez nenhum bem. Essa parceria com Ricardo começou mal desde o inicio, com intervenção junto à Direção Nacional para impor sua candidatura, depois na indicação da esposa do ex-governador como vice, e se agravou quando trouxe o casal para o guia eleitoral, recobrando todo o espólio moribundo da Calvário.
Cartaxo, pelas escolhas que fez, sai muito menor do que entrou na disputa, e pode até comprometer seu futuro político para as próximas eleições. Quanto a Ricardo Coutinho, após perder a terceira eleição, num intervalo de quatro anos, o diagnóstico mais comedido aponta para a condição de cadáver político.
Ivandro Oliveira é jornalista
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