O auditor Richard Euler, apresentado nas investigações como chefe da auditoria entre 2012 e 2014, teria cobrado vantagens financeiras da Cruz Vermelha Brasileira, filial do Rio Grande do Sul, para fazer vista grossa nas contas da tida Organização Social com o Governo do Estado. As irregularidades verificadas no maior complexo de saúde da Paraíba, administrado pela OS, seriam varridas para baixo do tapete, conforme mostram diálogos com o superintendente da CVB, Ricardo Elias Restum. Neles estariam revelações sobre o pagamento de R$ 100 mil a título de propina.
Em mensagens trocadas por Euler com o dirigentes da Cruz Vermelha Ricardo Restum, haveria uso de linguagem cifrada para tratar do aluguel de imóveis do auditor.
Foto: Reprodução/MPPB
Conforme registrado por Suetoni Souto Maior, em seu blog, “em troca da ajuda financeira, Euler teria fechado os olhos a vários problemas nos contratos da Cruz Vermelha e ainda teria orientado sobre o que alegar nas respostas do TCE para se livrar de punições. O caso foi relatado pelos delatores na Operação Calvário. Tanto Livânia Farias, ex-secretária de Administração, quanto o mandatário da Cruz Vermelha, Daniel Gomes, passaram detalhes para os investigadores do Gaeco. Tudo teria sido levado ao conhecimento do então governador Ricardo Coutinho.”
Conforme a publicação, “da reunião de Daniel com Ricardo Coutinho teria saído a determinação para que o problema fosse resolvido. Uma agência especializada em arapongagem foi contratada para seguir os passos tanto de Richard Euler, quanto de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Foram traçados perfis e constituídos mapas de relações familiares dos membros do TCE. Inclusive, foram destacadas empresas em nomes de familiares e as relações de cada um.”
E mais: “o resultado foi apresentado ao governador, que teria usado o dossiê elaborado pelos investigadores para pressionar os conselheiros. A resolução do caso teria ocorrido em 2014. A conquista com a combinação de pagamentos de propinas e arapongagem teria servido para engavetar os julgamentos de contas e denúncias contra a Cruz Vermelha Brasileira por mais de seis anos. Os casos só foram desengavetados pelo TCE na semana passada, por decisão do conselheiro Arnóbio Viana, presidente do órgão.”
Ainda segundo a publicação, os pagamentos feitos ao auditor Richard Euler teriam acontecido, principalmente, através de alugueis de imóveis pertencentes a ele. Esses imóveis eram alugados para ficarem fechados, assim como teria ocorrido com imóveis do ex-senador Ney Suassuna. Os casos deverão ser incluídos em novas denúncias a serem protocoladas pelo Gaeco do Ministério Público.
E arremata blog do jornalista do Jornal da Paraíba: “vai aqui uma senha para os curiosos, para um fato que se tornará conhecido em breve: mandar preparar os móveis de uma importante loja de João Pessoa era a senha para o pagamento de R$ 50 mil para “adoçar a boca” de servidores do Tribunal de Contas do Estado. Pelo jeito, a Calvário está longe do fim.”
O que diz o TCE
A assessoria do Tribunal de Contas do Estado informou que o caso chegou ao conhecimento do órgão e foi aberta investigação para apurar suposta falta funcional do servidor.
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