A juíza Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto, da 42ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, está ultimando os preparativos para concluir o processo que trata do escândalo envolvendo a Cruz Vermelha gaúcha, esquema criminoso que foi desbaratado pela Operação Calvário. As audiências de instrução foram iniciadas em 26 de junho e a próxima audiência de julgamento será em 31 de janeiro de 2020, quando os réus deverão ser sentenciados.
Conforme informações captadas pelo Tá na Área, esse julgamento envolve vários os réus, inclusive alguns paraibanos pelas ligações com o braço da organização criminosa no Estado. O principal deles é Daniel Gomes da Silva, considerado o cabeça do esquema e que chegou a doar para a campanha do então candidato a governador Ricardo Coutinho, do PSB, na eleição de 2010, através de seu tio Jaime Gomes. Daniel, inclusive, esteve na Paraíba para negociar pagamento de propinas a agentes públicos, segundo apuração da força tarefa à frente da Calvário.
Conforme as investigações, em julho de 2011, ou seja, no ano seguinte à eleição, Daniel fechou, com o ex Ricardo Coutinho, o contrato de terceirização do Hospital de Trauma via Cruz Vermelha gaúcha. Daniel foi preso em dezembro de 2018, no Rio de Janeiro, ao retornar de Portugal. Na oportunidade, o Ministério Público identificou vários bens adquiridos por ele e outros com a propina da Cruz Vermelha.
Michele Louzada Cardoso, secretária particular de Daniel, é outra personagem importante do enredo. Na eleição de 2014, ela confessou ter vindo à Paraíba, por meio de avião fretado, para trazer dinheiro (vivo e em espécie) para a campanha à reeleição de Ricardo Coutinho. A secretária de Daniel Gomes também foi flagrada entregando caixas de vinho com mais de R$ 900 mil ao ex-assessor de Livânia Farias (titular da Administração nos governos do PSB), Leandro Nunes Azevedo, num hotel do Rio de Janeiro, quando também foi presa em flagrante.
Roberto Kremser Calmon, também preso num hotel de luxo em João Pessoa, em 14 de dezembro do ano passado, na primeira fase da Calvário, é outro ilustre personagem, posto que era integrante do esquema e, conforme as investigações da força tarefa, operava para prospectar o roteiro dos pagamentos às organizações sociais e definir os valores que deveriam ser repassados aos agentes públicos beneficiários das propinas.
Conforme previsão dos investigadores e até de parte da imprensa que cobre o escândalo, conforme registrou Hélder Moura, em seu blog, até fevereiro, no máximo quando o carnaval chegar, é possível que haja o desfecho do julgamento, quando estarão abertas ao distinto público muitas revelações dos réus e testemunhas do esquema criminoso, inclusive quanto os principais atores da organização na Paraíba, envolvendo o chefe da célula no Estado e todos os seus súditos e prepostos.
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