O cobiçado microfone instalado no centro do plenário da Câmara dos Deputados foi protagonista de inusitados discursos durante a votação do impeachment neste domingo. Enquanto parte dos parlamentares dedicou o voto à democracia, ao fim da corrupção e às vozes das ruas, houve espaço também para surpreendentes homenagens e justificativas para dar prosseguimento à ação por crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff. Na lista dos mais bizarros pronunciamentos, houve até a invocação ao fim da troca de sexo para crianças.
Famoso por suas declarações controversas, Éder Mauro (PSD-PA) iniciou seu voto em nome do filho de quatro anos – até aí, nada de muito diferente dos demais congressistas. Mas avançou afirmando que se posicionaria contra todos os “bandidos” que queriam destruir o país com a “proposta de que criança troque de sexo e aprenda sexo na escola com 6 anos de idade”. O plenário ficou perplexo após a declaração.
Já o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), autor da célebre declaração de que está “se lixando” para a opinião pública, dedicou o voto em favor do impeachment às mãos calejadas dos fumicultores do Rio Grande do Sul. E encerrou comemorando este 17 de abril: “Feliz aniversário, Ana, minha neta”.
Aproveitando os poucos segundos de fama, o deputado Marcos Reategui (PSD-AP), que é delegado de polícia, fez um dos pronunciamentos mais longos, chegando a ser vaiado pela demora. Ele apresentou um balanço de valores recolhidos pela Justiça referentes a dívidas ao Fisco e defendeu o “conserto” do país. “Estou propondo aqui uma CPI para que possamos realmente passar o Brasil a limpo. O voto é sim à CPI, e sim também ao impeachment”, afirmou.
A deputada Marinha Raupp (PMDB-RR) mostrou sua “gratidão à ministra Dilma Rousseff” e lembrou que ela tirou a população da BR-429 do sofrimento. Mas, dedicando o voto ao partido, à unificação da família e à sua base eleitoral, Rondônia, votou favorável ao processo.
Os corretores de seguros do país foram lembrados pelo deputado Lucas Vergilio (SD-GO); Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) lembrou de Deus e aqueles que votaram contra o Estatuto do Desarmamento; Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) citou aposentados, pensionistas e idosos para anunciar apoio à destituição de Dilma.
Enquanto a maioria dos congressistas aproveitou o momento do voto para aparecer em rede nacional, o voto do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP) foi a toque de caixa: “Meu voto é sim”, limitou-se a dizer. Há exato um mês, Maluf figurava entre os ilustres convidados para a cerimônia de posse do ex-presidente Lula na Casa Civil.
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