Por muito pouco, a Policia Federal do Paraná não provocou uma carnificina em Curitiba contra os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bombas de efeito moral e tiros com bala de borracha foram jogados contra centenas de pessoas que estavam defronte o portão principal da Superintendência da Polícia Federal, desde a manhã deste sábado 7, aguardando a chegada de Lula.
Durante todo o dia, o clima foi de tranquilidade. No exato momento que o helicóptero trazendo o ex-presidente pousava na sede da PF, ouviu-se o primeiro estampido. A seguir, uma sequência de explosões de bombas e tiros dispersou a multidão, formada em grande parte por mulheres, idosos e crianças que permaneceram desde a manhã no local.
Militante atingido com balas de borracha e bombas de efeito moral. Foto: Gibran Mendes
Em uma tumultuada entrevista, o presidente do diretório estadual do PT, Doutor Rosinha, afirmou que poucos minutos antes do ocorrido, foi convocado para uma reunião com os comandos da Polícia Federal e Polícia Militar. “Eles queriam que todas as pessoas deixassem o local que ocupavam desde a manhã” afirmou Rosinha. O que surpreende é que essas pessoas estavam ali durante todo o dia, sem que houvesse qualquer pedido.
Após uma rápida negociação, ficou acordado que dado o avanço do horário seria permitido a permanência das pessoas. O dirigente petista se comprometeu que, após a chegada do ex-presidente, as pessoas deixariam o local. Ainda segundo Dr. Rosinha, no momento que ele deixava o edifício da PF, ouviu-se o primeiro estampido de bomba.
“Tentei correr para junto dos militantes, mas fui impedido pela PM. Daí em diante, o que se viu foi um tumulto, um massacre. A PF promoveu uma ação ideológica, política, onde eles se acham no direito de dizer quem está ameaçando quem”. Rosinha fez questão de afirmar que “foi a Policia Federal e não a Policia Militar quem começou a atirar.”
Homem mostras as costas marcada por uma bala de borracha. Foto: Gibran Mendes
A menos de cinquenta metros, em uma rua lateral a sede da PF, estava o grupo contrário a Lula, atirando rojões e fogos de artifícios. O heliponto ficava muito próximo dos manifestantes, em uma altura que corresponde ao quarto andar do edifício. No momento da chegada, diversos rojões e fogos de artifícios foram atirados contra o helicóptero.
“Se do lado dos apoiadores havia policias atirando, do lado fascista, dos coxinhas, não havia ninguém impedindo que continuassem a arremessar fogos” afirmou a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Paraná, Regina Perpetua Cruz. Durante todo o tempo do confronto com tiros e bombas de efeito moral, do avanço dos batalhões de choque da PM, os movimentos contrários a Lula permanecerem em festa, cantando, promovendo buzinaço e soltando fogos de artificio.
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffman, após os episódios, esteve com o delegado Mauricio Valeixo, superintendente da PF, e o comandante da operação, coronel Péricles de Matos, da PM. “Estivemos com o comando da operação para dizer que o presidente Lula não é um preso comum, mas sim o primeiro preso político após a abertura democrática”.
Gleisi, ao lado do senador Lindeberg Farias (PT), anunciou que enquanto Lula estiver preso, “nós não sairemos daqui. Não será apenas uma vigília, mas sim a presença de diversas caravanas chegando de vários lugares do Brasil e do mundo. Portanto, eles terão de estar preparados” afirmou. Reiterou que o PT, os movimentos sociais, os militantes e simpatizantes nunca “quiseram viver essa situação, ao contrário, lutamos contra ela. Mas como tudo aconteceu, agora estaremos aqui”.
Afirmou ainda que a partir de agora Curitiba será “o centro de nossa ação política e só sairemos daqui quando Lula sair. Daqui para a frente, somos todos Lula” afirmou.
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